Por Raphael Rolim de Moura
Segundo relatório publicado em 2019 pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) mais de 820 milhões de pessoas ainda passam fome hoje. Neste mesmo documento há uma previsão de que a pandemia de Covid-19 pode ter levado mais de 130 milhões de pessoas à fome crônica em 2020 em todo o planeta. Hoje temos a Ásia como o lar do maior número de desnutridos (381 milhões) seguido pela África em segundo lugar (250 milhões) e pela América Latina e o Caribe (48 milhões).
Já no Brasil registramos em 2020, segundo o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, 19 milhões de pessoas em situação de fome. Temos um aumento de 27,6% em relação ao ano de 2018, quando tínhamos 10,3 milhões. Ou seja, em dois anos houve (ou quase 9 milhões de pessoas a mais). Mas como isso ocorre se volta e meia o país bate recordes na produção de alimentos?
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revelam que a produção de soja deve aumentar 8,6%, superando 135 milhões toneladas. A soja é o mais importante commoditie brasileiro. Commodities são produtos de origem agropecuária ou de extração mineral, em estado bruto ou pequeno grau de industrialização, produzidos em larga escala e destinados ao comércio externo. Este grão abastece o mercado interno com óleo comestível, óleo para produção de biodiesel, farelo na produção de suínos e aves e pode ser utilizado para a fabricação de chocolate, temperos prontos, massas, misturas para bebidas, papinhas para bebês e muitos alimentos dietéticos.
Mas só nos alimentamos de soja? Os pequenos produtores de feijão, arroz, hortaliças e demais produtos que estão em nossa mesa devem ser valorizados e incentivados. Mesmo fora deste grande mercado mundial, sem eles passamos fome. A aproximação da agricultura com métodos que promovam a saúde do solo, minimizem o uso da água e reduzam os níveis de poluição nos colocará na rota da sustentabilidade.