Acusação e defesa já apresentaram argumentos aos jurados. Ministério Público citou modus operandi semelhante nos dois crimes. Defesas pedem absolvição de seus réus.
A etapa de debates teve início neste sábado, o quinto dia de julgamento do caso envolvendo os assassinatos do prefeito eleito de Piên em 2016, Loir Dreveck, e do técnico de segurança do trabalho Genésio de Almeida, tendo como réus neste processo o ex- prefeito de Piên, Gilberto Dranka, o ex-presidente da câmara de vereadores, Leonides Maahs, estes apontados como mandantes do crime, além de Orvandir Pedrini, o Gaúcho, tido como intermediário entre os mandantes e o atirador, e Amilton Padilha, acusado de ser o autor dos disparos. Essa fase, que antecede o ato que definirá, por mérito do corpo de jurados, se os réus serão considerados culpados ou não, são reservadas quatro horas para apontamentos para cada uma das partes.
Os trabalhos foram abertos pelo Ministério Público, na pessoa do promotor de Justiça Marcelo Balzer, que começou sua fala fazendo apontamentos sobre o trabalho do juiz Rodrigo Morillos, pela positiva condução dos trabalhos, além de agradecimentos a oportunidade em auxiliar o promotor Juliano da Silva, além de cumprimentos aos servidores da casa, oficiais de Justiça, a Polícia Militar pelo suporte, e a bancada de defesa, se direcionando ainda aos familiares das vítimas e aos profissionais da assistência de acusação.
Em suas considerações, Balzer fez um apanhado sobre os crimes, pontuando que estes começaram antes mesmo da morte de Genésio de Almeida. No decorrer de sua fala, o promotor fez análises e apontamentos inicialmente relacionados aos itens aprendidos no processo, como armas, moto, capacete e viseira, além de laudos periciais feitos nas vítimas, inclusive apresentando o capacete e projéteis encontrados e armas apreendidas. Segundo o promotor, as digitais encontradas na viseira do capacete que teria sido utilizado no crime contra Loir bateram com as do acusado de ser atirador quando este foi preso em Santa Catarina alguns dias depois.
Avançando nos trabalhos, Balzer fez uma análise da dinâmica dos crimes, considerando a semelhança do modus operandi de ambos. Ainda, ponderou os depoimentos feitos pelos réus ao longo do processo.
Complementando, o promotor Juliano da Silva chancelou as palavras de Balzer e seguiu com os dados contidos no processo, como bilhetagens telefônicas, abordando depoimentos colhidos em audiências anteriores dos citados no caso e destacou evidências de crime de pistolagem contra as vítimas.
A promotoria trouxe ainda detalhes dos depoimentos de Orvandir que incriminariam demais acusados, entre outros apontamentos como o interesse em influência em cargos na futura gestão, além de uma denúncia anônima feita logo após os crimes.
Os advogados da assistência de acusação, em suas afirmações, reforçaram que o luto das famílias não será tirado, mas é necessário fazer a justiça e dar uma resposta à sociedade. “Representamos as lágrimas e a dor das famílias que tiveram seus entes tirados de forma brutal e covarde”, apontaram.
Gaúcho
Na parte das defesas, a primeira a fazer suas considerações foi a de Orvandir Pedrini, o Gaúcho, ponderando que não há vencedores diante deste processo e que todos saem derrotados, pois são famílias que perderam seus entes e quatro pessoas no banco dos réus e que poderão passar o resto da vida na prisão.
Os defensores apontaram ainda que Gaúcho é visto como o grande bandido, que poderia manipular a todos e que poderia matar por cargos políticos. Na oportunidade, o grupo falou sobre ameaças direcionadas ao réu e sua família.
Ainda, indagaram quais vantagens o réu teria diante da morte de Dreveck. “Ele nunca teve interesses políticos ou financeiros para participar do crime”, ponderaram.
A bancada de defesa, reforçando que o cliente é uma pessoa humilde e de bem, afirmou que o crime praticado contra Dreveck aconteceria com ou sem o Gaúcho e, por fim, enalteceu que quando foi colocado na parede, em sua prisão, não foi ele que entregou quem seriam os participantes do crime, porque as investigações já teriam feito a identificação, e que ele apenas confessou seu erro, prejudicando sua vida e sua dignidade. “Tentam respingar sangue nas mãos de quem, na verdade, as têm sujas de graxa”, concluiu, pedindo absolvição.
Amilton
Na sequência, a defesa de Amilton Padilha deu início às ponderações sobre seu cliente e seu caso. Na ocasião, o defensor considerou que focaria em fazer seu trabalho falando exclusivamente de provas.
Inicialmente, a bancada de defesa afirmou que o processo nasceu fadado a ser totalmente refeito e reforçou que Padilha não tem participação nos crimes. Ainda, definiu como vergonhosa a citação do réu no processo. Contestou sobre as digitais, dizendo que não eram de Amilton.
Apresentando documentos como bilhetagens telefônicas, materiais audiovisuais e laudos periciais e contestando os depoimentos de Orvandir Pedrini, a defesa apontou que alguém está sendo protegido da autoria do crime. “A sociedade precisa saber de verdade quem são os autores dos fatos. O verdadeiro autor está solto”, comentou.
A defesa ainda indicou que as investigações precisam ser retomadas e pediu absolvição. “O Amilton pode ter todos os defeitos, mas é o cara errado neste caso”, complementou.
Leonides
Ao abrir as considerações visando comprovar a inocência de Leonides Maahs, a defesa do réu abordou a necessidade de provas científicas para o caminho de uma condenação, pois disse que não se pode haver dúvidas para condenar.
Em seguida, apontou que Gaúcho teria forjado uma situação para inserir os outros réus na acusação. Também falou sobre a aplicação do chamado In Dúbio Pro Reo para não cometer erros e para não condenar um inocente.
A defesa considerou que seu cliente está em plenário, respondendo de forma transparente ao processo.
“O que foi apresentado em plenário colabora para absolvição de Leonide Maahs”, indicou.
Ainda conforme a banca de defesa, há documentos e provas que tiram Maahs da cena de crime, como bilhetagem e exame médico da esposa que mostrariam, segundo ele, que Maahs estaria em Curitiba no dia do atentado contra Loir. “Peço ao conselho de sentença para que se faça justiça. A condenação dele será uma grande injustiça”, concluiu.
Gilberto
A defesa de Gilberto Dranka deu início às indagações apontando ser difícil dar voz a quem não tem voz e a responsabilidade de defender a honra, a inocência e a dignidade de seu cliente.
Diante do conselho de jurados, a bancada de defesa disse que é necessário tentar entender o que arrastou Dranka para o banco dos réus, apontando que houve precipitação diante de denúncia anônima e do depoimento de Gaúcho, e que teria faltado malícia na investigação em suspeitar da culpa de outros suspeitos.
Segundo os defensores, uma linha de investigações apontaria para a participação e autoria de outros nomes nos crimes. “Existem elementos, indícios e suspeitas para outra linha de investigações”, apontaram.
A defesa ainda citou o fato de a acusação não trazer testemunhas e a falta de provas. Comentaram a história de vida de Dranka e disseram ter certeza da inocência dele, pedindo absolvição.
Agora os jurados decidirão se os réus serão condenados ou absolvidos. Decisão deve sair até início da madrugada. Não houve réplica e tréplica.