A fumicultura é uma das principais fontes de renda para milhares de famílias que sobrevivem da agricultura em toda a região. Nesta época do ano, os agricultores estão empenhados na colheita e na secagem da produção, estágio fundamental para a formação da qualidade do produto. No entanto, a insuficiência do sistema elétrico, problema já considerado crônico, tem preocupado os produtores em Piên, Quitandinha e Rio Negro.
Um dos fumicultores afetados por este problema é Osvaldo Simões, da localidade de Campo Novo, em Piên. “Nesta safra, a rede de energia tem apresentado diversas oscilações, com dezenas de desligamentos rápidos diariamente”, relata Simões, salientando que esta insuficiência acontece de forma mais intensa entre o fim da tarde e à noite. “Possivelmente, no período em que os chuveiros são ligados acontece com mais frequência. Inclusive, técnicos da Copel estiveram visitando e justificaram que está havendo uma sobrecarga no sistema”, salienta.
Além da consequente perda de qualidade com a insuficiência de energia, Simões conta que o principal receio está na queima de aparelhos e na possibilidade de incêndios nas estufas. “Esta inoperância do sistema causa o desligamento de toda ventilação do calor e pode provocar um superaquecimento, resultando em um incêndio de grandes proporções, fato este, que já aconteceu com dezenas de produtores em anos anteriores”, ressalta Simões, que também teve em 2018 cerca de R$ 17 mil de prejuízo com aparelhos e o tabaco danificado. “Estou aguardando na Justiça o ressarcimento. O fumicultor precisa ser mais valorizado e respeitado, caso contrário, certamente muitos vão abandonar a atividade agrícola”, reforça.
De acordo com Diego Brunnquell, da Brunnquell Equipamentos Agrícolas e Fumageira, a oscilação de energia pode provocar a queima dos motores das estufas. “Temos casos de equipamentos que com uma semana de uso foram danificados. Nas medições da rede, temos motores trabalhando com metade da energia necessária, fazendo com que a vida útil de todo o aparato seja diminuída consideravelmente”, explica Brunnquell. Em caso de queima de motor, o prejuízo do produtor fica na casa de R$ 800,00.
Para minimizar os danos, o recomendado é que os produtores utilizem geradores nos momentos de pico de consumo, onde são registradas as maiores oscilações. “Quem tem este aparelho o recomendado é realizar o acionamento. Isso certamente evitará queima dos equipamentos e demais danos”, orienta Brunnquell, reforçando também a necessidade de revisão elétrica nas instalações particulares. “Este é outro ponto que pode ajudar a evitar contratempos. Alguns sistemas são antigos e não suportam a carga necessária”, conclui.
Nota da Copel – Em contato com a Copel, a companhia de energia relatou que está investindo R$ 2,1 bilhões na implantação de 25 mil quilômetros de redes trifásicas em todo o Estado, substituindo as monofásicas e garantindo maior qualidade e segurança. Quanto aos problemas relatados pelos fumicultores, técnicos detalharam que a rede da região possui religador automático, ou seja, caso haja algum problema menor na rede, como galhos que apenas encostam no fio, o sistema religa sozinho, o que pode explicar as curtas quedas de energia relatadas. Para minimizar os efeitos, a Copel irá realizar trabalhos de manutenção na rede, como poda, retirada de ninhos de passarinho, entre outros. A companhia ressalta que o sistema consegue atender toda a demanda e que o consumidor que se sentir prejudicado poderá pedir ressarcimento. Por fim, a empresa reitera que faz, sim, planejamento pré-safra de tabaco para garantir manutenção da rede de energia. No entanto, problemas pontuais precisam ser reportados à Copel, que fará a inspeção e eventual correção.