A comercialização da safra do tabaco 2018/2019 tem sido diferente do esperado pela grande maioria dos produtores. Após uma safra com muitas dificuldades climáticas, a qualidade do fumo foi diretamente afetada e derrubou os preços de venda do produto às empresas.
De acordo com o inspetor de campo da Afubra, Vilmar Niser, o excesso de chuva após o plantio, seguido de uma forte seca e de temperaturas altas, afetaram diretamente na produtividade das lavouras. “Foi uma das safras mais difíceis já registradas, tanto é que tivemos um aumento da área plantada, mas a produção será em média 15% menor”, calcula Niser. Além deste fator, em anos anteriores a quantidade de fumo classe ‘R’ era de cerca de 25%, no entanto, nesta safra, este percentual chega a 65%. “Este tabaco tem uma coloração mais escura e não é o que as empresas querem, afinal até elas têm dificuldade para comercializar esta produção no mercado”, detalha. Em decorrência destes fatores, é estimado que o valor das vendas despenque em aproximadamente 25%.
Para a próxima safra, a Afubra estima que a área plantada deverá se manter, mas que um aumento na produtividade poderá dificultar ainda mais a venda posteriormente. “Recomendamos aos agricultores que se não for possível diminuir o plantio, que ao menos não aumente. Ano a ano registramos um acréscimo na quantidade e isso tem inflacionado muito o mercado e desvalorizado o produto”, alerta Niser, fazendo algumas ponderações. “O tabaco é uma cultura rentável desde que seja bem trabalhado. Recomendamos ao produtor plantar a quantidade que sua propriedade absorve, desde mão-de-obra à área de terra. Nem sempre produzir muito é ganhar, é fundamental que se tenha qualidade e também diminua custos extras”, ressalta.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Piên, Agnaldo Martins, o cenário é preocupante e irá impactar economicamente para a região. “Sempre há uma comercialização rígida por parte das empresas. Paralelamente, os custos de produção aumentaram muito, haja visto a elevação constante dos preços dos insumos, energia elétrica, óleo diesel, entre outros. Certamente, quem contraiu dívidas terá dificuldades ainda maiores”, salienta Martins, relatando que uma quantia expressiva de produtores está sendo desintegrada das fumageiras. “Fumicultores de anos estão sendo desligados, alguns até mesmo tendo cumprido todos os requisitos. Este é um sinal preocupante, sendo necessário um cuidado ainda maior por parte dos agricultores”, concluiu.