Você já se imaginou dirigindo um veículo onde o volante não obedece ao seu comando? Como seria tentar chegar em um certo destino quando você precisa virar para um lado e o volante vira para o outro? Impossível. Pois bem, esse sentimento é o retrato do que vem acontecendo no país em diversos campos. Alguns fatos nesta semana reforçam essa nossa análise.
O principal assunto foi a decisão do Superior Tribunal Federal (STF) de libertar o ex-ministro José Dirceu. Considerado um dos nomes fortes do Partido dos Trabalhadores (PT), Dirceu estava preso desde 2015, ele foi condenado a mais de 31 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O STF entendeu que, como não houve julgamento em segunda instância, Dirceu não pode ser mantido preso.
O Ministério Público Federal, em especial os promotores que atuam na Lava Jato, criticaram a decisão. Por todo o país se deu um grande debate sobre o assunto, com inúmeras críticas aos três ministros que decidiram pela soltura do petista. Num entendimento simples, a Lava Jato prende e o STF solta.
Num outro campo, o governo federal sofre para aprovar as reformas que diz serem imprescindíveis para o futuro do país, retomada do crescimento e recuperação dos postos de trabalho. Há crítica pela falta de diálogo e maior debate do governo com a sociedade, inclusive com órgãos de classe, e o toma lá da cá com partidos e seus integrantes. As reformas estão passando. São necessárias? Sim, mas faltou organização na forma como são conduzidas.
Precisamos retomar a direção para que o país tenha a mínima perspectiva de futuro. No que trata do combate à corrupção, seria um retrocesso desconstruir tudo o que a Lava Jato já fez. No campo das reformas, quanto maior o acompanhamento, menor o risco de erros. É preciso conciliar a necessidade do debate e do tempo. E, para complicar ainda mais, daqui a pouco tem eleição.