Quando os gregos inventaram a política, certamente eles não imaginariam que após o ano 2000 o sentimento de que ela atrapalha o meio ambiente estaria tão latente. Reunir as pessoas em praça pública para debater os temas necessários para o bom convívio social era o principal objetivo da época. Trazer o debate sobre a “coisa pública” e tornar o sentimento de pertencimento do território sempre foram importantes na história da civilização moderna.
Ocorre que o que temos hoje é um clima de guerra entre o preservar/ conservar e o desenvolver. Indivíduos sem conhecimento técnico algum debatem o meio ambiente como se tivessem a solução para concretizar o grande pacto de avanço da sociedade. Pacto este que deveria ter como premissa o equilíbrio entre todas as opiniões resgatando o espírito dos gregos. Lamentavelmente, a política, ao invés de se basear na técnica para orientar as suas decisões, tem se orientado na politicagem.
Dados de desmatamento que deveriam ser combatidos com investimentos pesados em fiscalização e monitoramento são tratados com demissões e enfraquecimento técnico dos órgãos que tratam do assunto. Ou mudamos a maneira de fazer política ambiental ou estamos fadados a vermos décadas de avanços (mesmo que lentos) evaporarem gerando uma tempestade futura que não saberemos como lidar.
No grito e nas palavras de impacto não conseguiremos realizar o pacto do meio ambiente com o desenvolvimento. Lembrando sempre que o técnico é a melhor forma de dar segurança jurídica aos atos de um governo. Precisamos promover uma onda de boas práticas de gestão ambiental pública capaz de reverter a imagem de sermos “eco-chatos” ou “bio-desagradáveis”. Apenas sonhamos em deixar aos nossos netos um planeta com menos degradação que o atual. Sonhar é preciso!
Por: Raphael Rolim de Moura – Biólogo, Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental, Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Professor universitário e atualmente ocupa Diretoria na Comec