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2024

Oito pessoas são presas por golpes de “falsas vendas” de imóveis no litoral

Cartório de Mandirituba foi desinstalado antes mesmo da operação ser deflagrada pela polícia nesta semana. Foto: DivulgaçãoA Polícia Civil do Paraná cumpriu, nesta semana, oito mandados de prisão contra integrantes de duas quadrilhas distintas, ambas suspeitas de aplicar o golpe da “falsa venda” de imóveis no litoral do estado. Os suspeitos utilizavam documentos falsos para ludibriar as vítimas e consumar as vendas.

Segundo a polícia, a primeira quadrilha seria comandada por uma transexual, de 48 anos, da qual também fazia parte, seu companheiro, 48 anos, um corretor de imóveis, de 29, um ex-tabelião, de 83, e uma ex-escrevente, de 52, do cartório de Mandirituba. As investigações apuraram que o casal se passava por proprietários de um imóvel localizado no Balneário Guaciara, em Matinhos. Com a ajuda do corretor, a dupla criou um anúncio, ofertando a falsa propriedade, em um site de compra e venda da internet, que atraiu as vítimas. Demonstrando interesse no imóvel, as vítimas entraram em contato e começaram a negociar com os suspeitos. Após diversas tratativas, elas marcaram de concluir a compra e formalizar o contrato em um escritório, situado no bairro Flamingo, em Matinhos, que o corretor utilizava para atender pessoas que caíam no golpe. No local, as vítimas assinaram um instrumento particular de compra e venda e na sequência seguiam para um cartório localizado em Mandirituba, alegando ter preferência no atendimento, serem amigos e receberem descontos na documentação. Ao chegarem no estabelecimento, o tabelião do cartório já estava aguardando a quadrilha para dar suporte na consumação do golpe, junto com a escrevente juramentada, que lavrou a escritura pública de compra e venda do imóvel fraudulento.

De acordo com a polícia, o imóvel havia sido anunciado por R$ 80 mil. As vítimas deram um sinal de R$ 5 mil para a reserva do imóvel e pagaram R$ 25 mil em cheque, no ato da assinatura no cartório. Conforme apurado, no momento da assinatura da escritura pública, embora as vítimas tivessem solicitado, os suspeitos não realizaram a apresentação de documentos que comprovassem a propriedade do imóvel adquirido, afirmando que futuramente iriam apresentar escrituras e certidões pertinentes. Posteriormente, ao pesquisar em registros públicos, perceberam que teriam sido vítimas de uma fraude e que o imóvel seria de propriedade de uma construtora, a qual teria sido objeto de execução judicial e estaria registrado como sendo de propriedade da União Federal.

Diante do fato, as vítimas procuraram a polícia, que deu início às investigações no mês de outubro de 2018 e através de um intenso trabalho de inteligência conseguiu identificar e localizar os suspeitos.

Na segunda quadrilha, que não possui ligações com a primeira, são suspeitos um homem, de 42 anos, e duas mulheres, de 27 e 35 anos, e agiam de forma muito parecida. Eles também utilizavam documentos falsos em Matinhos, litoral do estado. Segundo a polícia, os suspeitos chegaram a vender uma única propriedade, localizada no Balneário Albatroz, para diversas pessoas ao mesmo tempo. As investigações apontam que as vítimas teriam pago valores entre R$ 1 mil e R$ 15 mil para cada lote, valores esses, pagos em dinheiro diretamente para um dos suspeitos ou depositado em contas bancárias de uma das mulheres.

Embora os fatos tivessem ocorrido entre os anos de 2015 e 2018, somente no ano passado as vítimas tiveram conhecimento de que caíram em um golpe, pois foram tentar realizar melhorias nos terrenos e foram impedidas por um amigo do verdadeiro proprietário do local, que confirmou para as vítimas que esse golpe era recorrente ali. Ao tomar conhecimento dos fatos, a polícia iniciou todas as diligências e realizou todos os procedimentos cabíveis para identificar e prender o grupo criminoso. De acordo com as investigações, esse golpe já conta com mais de dez vítimas e o prejuízo é de aproximadamente R$ 400 mil, até o momento.

As investigações devem continuar com o intuito de identificar outras vítimas e responsabilizar todas as pessoas envolvidas com o crime. A redação deste jornal buscou contato com a defesa dos envolvidos de Mandirituba que disseram não querer se manifestar neste momento.

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