Famílias de Agudos do Sul ainda convivem com o drama do acidente que envolveu um ônibus que transportava universitários do município e da vizinha cidade de Piên. O caso se deu no quilômetro 183,8 da BR 116, em Campo do Tenente, na noite de 4 de abril, quando os estudantes retornavam da cidade de Mafra.
Em conversa com a equipe de O Regional, o condutor do ônibus, Alexsander Guerreiro, relatou o que viu naquela data. Segundo ele, a viagem transcorria normalmente; não chovia e não havia neblina. Era o começo de uma subida e o ônibus estava atrás de uma carreta.
Segundo Alexsander, repentinamente essa carreta tirou para a direita, já desviando de um caminhão bitrem que vinha no sentido contrário, em ultrapassagem. Foi somente neste momento que ele viu o caminhão. “Só vi um clarão e tentei desviar para a direta. Foi tudo muito rápido. Depois da colisão, o ônibus rodou e parei de frente com um barranco”, narra o motorista. Ele conta que o caminhão também tentou desviar, mas a primeira caçamba colidiu de peito com o ônibus; um pedaço da lateral do cavalo também havia batido no coletivo.
Alexsander estava consciente. “Pude ajudar no primeiro atendimento às vítimas, tentei tranquilizar os demais e ainda orientei aos que estavam bem a sinalizarem a rodovia. Logo começaram a chegar as ambulâncias”. Ele foi encaminhado para exames na cidade da Lapa e teve apenas ferimentos leves. Alexsander ficou muito abalado com tudo o que ocorreu e conversou com psicólogos da Universidade do Contestado (UnC), de Mafra, que estiveram em Agudos do Sul na última sexta-feira. “Após me recuperar, quero continuar transportando estudantes neste trajeto”, declara o motorista.
O boletim da Polícia Rodoviária Federal (PRF) também aponta que o caminhão entrou na faixa contrária e colidiu com o ônibus. “Os vestígios apontam o ponto de impacto na faixa em que o ônibus seguia, corroborando o depoimento das testemunhas, que afirmaram que o ônibus inclusive tentou desviar jogando o veículo para a direita”, cita o documento. Ainda segundo o boletim, o caminhão estava cerca de 500 metros do local do acidente, pois o condutor disse temer pela sua segurança, mas que teria solicitado socorro às vítimas via telefone.
O estudante Carlos Gabriel Munhoz, de Agudos do Sul, morreu na hora. Dos que foram hospitalizados, de Agudos, três ainda continuavam internados nesta semana: Emanuely Guerreiro Dranka e Cassia Fabiola da Rocha Alves, no Hospital do Rocio, em Campo Largo, e Higor Siqueira, no Hospital São José, em Jaraguá do Sul.
Estudantes – Segundo a presidente da Associação dos Estudantes Universitários de Agudos do Sul (Asseasul), Maria Luiza Pires de Oliveira, a reitoria da UnC, devido à tragédia, deixou os alunos do município à vontade quanto ao comparecimento às aulas nesta semana; ou seja, não serão prejudicados. Quanto ao transporte, que nesta semana não está ocorrendo, informou que a prefeitura já está tomando as providências para que os alunos sejam transportados. Já a Associação dos Universitários de Piên (AUP) deve reunir hoje os alunos para tratar da continuidade ou não desta parceria com a cidade vizinha para condução a Mafra. Há questionamento quanto à legalidade do transporte da forma como vinha ocorrendo.
Prefeitura – A prefeitura de Agudos do Sul declara que vem dando todo o suporte às famílias das vítimas. A prefeita Luciane Teixeira agradece o apoio dos municípios vizinhos no atendimento e destaca a equipe da UnC, que esteve na cidade com professores e psicólogos. “Agradeço a todos que estão nos ajudando a enfrentar este momento”, declara. Ela enfatiza ainda que o ônibus estava em boas condições e enaltece o profissionalismo do condutor, que fazia o transporte neste trecho desde 2013 e com o qual conversou nesta semana. “Nunca tivemos reclamação sobre ele”, cita, salientando ainda que ele evitou que a tragédia fosse ainda maior. Quanto ao motorista do caminhão, segundo a prefeitura, há várias multas conforme o que foi levantado. “Vamos tomar as providências cabíveis para responsabilizar o culpado”, completa a prefeita.