A grande notícia ambiental do mês passado foi a imensa quantidade de petróleo que atingiu a costa do nordeste brasileiro. Desde setembro haviam relatos de contaminação das praias, porém em outubro tivemos um aumento significativo desta poluição. Em análise realizada pela Marinha e pela Petrobrás, soubemos que a substância é petróleo cru, um hidrocarboneto também chamado de piche. Na investigação da tipologia da poluição através de análises bioquímicas chegou-se à conclusão de que o material não tem origem brasileira, ou seja, não se trata de nenhuma substância que tenha sido produzida ou comercializada pela Petrobrás.
Passada esta informação, a geopolítica latino americana entrou em ação. Enquanto o foco de toda a nação deveria ser o de descobrir a causa do crime ambiental e ao mesmo tempo aplicarmos todas as forças de controle ambiental para mitigar os impactos e recuperar as áreas, o foco principal dos gestores políticos foi apenas achar o culpado. Vôos de helicóptero, caminhadas no mar com as barras das calças dos ternos levantadas e declarações nada científicas quanto ao nível de poluição das praias atingidas passaram a integrar as capas de jornais e revistas. Com o “circo pegando fogo” o povo brasileiro mais uma vez deu uma lição aos governantes. Vimos centenas de ações de populares correndo para as praias mesmo de maneira artesanal, para procederem com a limpeza do ambiente.
As causas do crime ambiental ainda serão desvendadas, mas vimos mais uma vez aquilo que é cada vez mais claro na mente das pessoas. O meio ambiente é a nossa casa comum e devemos cuidar dela como cuidamos da nossa casa privada. A nossa biodiversidade foi comprometida e levaremos mais algumas décadas para a sua recuperação. O turismo teve prejuízos e levará também algum tempo para se recuperar. Em um ano marcado por graves crimes ambientais aprendemos uma lição. Cada vez mais o ser humano tem se mobilizado em prol do meio ambiente e cuidar da vida é da nossa natureza.
Por: Raphael Rolim de Moura – Biólogo, Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental, Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Professor universitário e atualmente ocupa Diretoria na Comec