Com a construção dos canteiros e a preparação das mudas, os fumicultores deram início aos trabalhos da safra de tabaco 2019/2020. Com baixa produção e qualidade na lavoura anterior, a expectativa para este ano é que as condições climáticas sejam mais favoráveis e possibilitem obter melhores resultados.
Na safra anterior, o fumicultor Ademar Buba, da localidade de Picacinho, em Piên, foi um dos poucos agricultores que tiveram bons resultados. “Plantei cerca de 30 mil pés de fumo e obtive uma média final de venda de R$ 10,97 o quilo”, conta. Para ele, alguns fatores foram fundamentais para alcançar um bom resultado. “Eu e minha família é que fazemos todos os serviços, até mesmo a colheita, o que diminuiu bastante os custos. Além disso, temos um cuidado grande em colher o tabaco na maturação correta e isso influencia diretamente na qualidade”, pontua. Para este ano, Buba semeou a mesma quantidade e dentro de 40 dias deverá fazer o plantio.
De acordo com o inspetor de campo da Afubra, Vilmar Niser, paralelo às condições climáticas, outro fator preocupante é o aumento da área plantada, que neste ano deve ter um acréscimo de 5%. “Constatamos que os agricultores estão aumentando o plantio, o que nem sempre é positivo”, salienta Niser, detalhando algumas questões. “O produtor tem que plantar o que a propriedade absorve, levando em consideração a mão de obra que possui, lenha para a secagem e terreno. Atualmente, o custo de produção está entre R$ 7,00 e R$ 7,50 por quilo, sendo 60% deste valor somente na contratação de terceiros”, calcula.
Diante deste cenário, a Afubra tem recomendado que os agricultores não aumentem a produção, para que posteriormente o preço de venda possa ser melhor. “O foco deve estar em produzir com qualidade e não em quantidade”, ressalta Niser, orientando os agricultores. “O fumo é uma cultura rentável, mas precisa ser melhor trabalhada. Na colheita, por exemplo, o serviço é terceirizado e realizado muitas vezes por quem não tem experiência alguma. Assim, colhe-se fumo fora da maturação correta, o que impactará em uma qualidade baixa e pode até mesmo não suprir os custos”, conclui.