O crime praticado por quatro jovens com idade entre 19 e 25 anos no município de Mandirituba no último fim de semana nos mostra que a barbárie, a guerra e a pior forma de violência contra a integridade física, psíquica e moral de uma pessoa também acontecem debaixo dos nossos olhos. Também é realidade ao nosso redor. A violência contra o casal de haitianos que ganhou as páginas dos noticiários tem reflexos diversos, duros, tristes e importantes para uma sociedade cada vez mais degradada e em busca de respostas para o seu futuro.
Alguém imaginária que numa região igual a que vivemos, de pessoas ordeiras e íntegras, humildes e trabalhadoras, vivenciaríamos um crime dessa natureza? Praticado justamente por quatro jovens que poderiam fazer tantas outras escolhas para suas vidas e contra um casal que expõe toda fragilidade resultada de um destino que lhes impôs uma realidade de pura sobrevivência.
Sim, isso aconteceu. Quatro jovens entram numa casa, agridem e amarram o esposo imigrante e depois violentam coletivamente sua esposa. Um casal indefeso, somente com sonhos, e um bebê com um mês a caminho. Triste, revoltante, inaceitável.
O fato de estarem todos detidos e aguardando determinação de prisão pela Justiça poderia até minimizar esses sentimentos expressados. Mas em casos assim, há uma sensação que só a prisão não basta. Até porque, maioria dos indivíduos já tinha passagem pela polícia.
Podemos nos questionar sobre como adolescentes e jovens, com toda uma vida pela frente, mergulham na criminalidade e perdem total sentido dos seus atos e crimes? Também nos perguntamos porque são presos e soltos com tanta facilidade? Qual a punição justa para um crime como este em questão? E existe ressocialização para indivíduos com esse tamanho de brutalidade? São questões como essas que cada vez mais estão tomando espaço em nossas vidas e mostrando que em determinado momento parcela da sociedade, independente de suas condições sociais ou origens, está perdendo sua humanidade.
É impensável que qualquer cidadão com o mínimo de sentido ou sentimento pela vida possa praticar atos como este que estamos tratando. De fato, há de se imaginar que indivíduos assim perderam o que tinham de humano para viver de uma postura irracional.
No entanto, é necessário e fundamental que existam respostas práticas para resgatar o interesse pela vida e pelo próximo. Além da Justiça, que deve agir com todo o rigor na punição dos criminosos, a sociedade de bem deve mostrar que pode se sobressair sobre o mal. O casal de imigrantes, tão castigado pela vida que tinham em seu país e pelo curso realizado até chegar aqui, está agora ainda mais fragilizado. Talvez tenham até perdido o sentido de viver. O que é possível fazer por eles? E a nossa humanidade, também tem ficado pelas esquinas?