Dados de diversos institutos de pesquisa pelo mundo revelam que os últimos anos têm sido os mais quentes desde 1880, ano em que as medições começaram a ocorrer. Logicamente, não devemos deixar de lado o fato, também científico, de que as variações de temperatura são fenômenos naturais da história da Terra. Oscilamos em períodos de frio e calor mesmo sem a existência do homem moderno no planeta. O que temos atualmente é a ligação direta de nossas ações como desmatamento, as queimadas e atividades industriais e agropecuárias neste desequilíbrio climático.
Quando desenvolvemos um Plano Diretor ou um Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado de uma região, devemos fazer previsões futuras de como os cidadãos ocuparão o território. Estas previsões não são (ou pelo menos não deveriam ser) “palpites” de agentes políticos que em algumas vezes têm interesses duvidosos na proposição de soluções ou alterações nos planos atuais. Já temos uma dificuldade em fazer destes trabalhos instrumentos factíveis e aplicáveis, imaginem com a interferência de indivíduos que não têm o sentimento coletivo que a política exige.
Nestas análises podemos citar por exemplo a proteção aos mananciais. Geralmente, a previsão destas áreas ocorre com base no crescimento populacional estimado por órgãos que estudam o tema.
Logicamente que como são previsões, estas podem não acontecer. Realizando a ligação do aquecimento global com os mananciais temos algumas perguntas para a nossa reflexão: Estas fontes de água utilizadas para o abastecimento humano e manutenção de atividades da sociedade sofrem alguma influência do aquecimento global? Este fator tem sido considerado nos planos urbanísticos atuais? Estas perguntas devem ser respondidas para que no futuro não sejamos culpados em termos realizado o planejamento sem o olhar global que a matéria necessita. Pecar pelo excesso de proteção poderá garantir o abastecimento para as próximas gerações enquanto deixarmos de lado fatores que vem conquistando relevância no meio acadêmico pode nos condenar em um futuro geologicamente próximo.
Por: Raphael Rolim de Moura – Biólogo, Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental, Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Professor universitário e atualmente ocupa Diretoria na Comec