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2024

Após três anos das mortes, famílias Almeida e Dreveck aguardam justiça

Loir se preparava para assumir a gestão da prefeitura de Piên após ter vencido a eleição. Foto: Arquivo/O RegionalUm dos mais chocantes crimes políticos da região e que gerou grande repercussão nacional, ainda aguarda um desfecho na apuração dos fatos pela Justiça. Nesta semana, em que se completa três anos do assassinato do prefeito eleito de Piên, Loir Dreveck, familiares e amigos cobraram novamente pelo julgamento do caso, que envolve também o homicídio contra o técnico de segurança de trabalho Genésio de Almeida.

As mortes de Dreveck e Almeida ocorreram em dezembro de 2016, pouco tempo após o pleito eleitoral, que deu a Dreveck a vitória na disputa pela prefeitura de Piên. Ambos foram assassinados a tiros por motociclista enquanto viajavam pela PR 420. As investigações apuraram que Almeida teria sido morto por engano, ao ser confundido com o político. O trabalho investigativo foi designado para a Polícia Civil de Rio Negro, com apoio do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), que ouviram testemunhas, escutas telefônicas e analisaram outras provas materiais. De posse destas informações, foi desencadeada uma operação que resultou na prisão do ex-prefeito Gilberto Dranka e do então presidente da câmara de vereadores Leonides Maahs, acusados de serem os mandantes do crime. Já Orvandir Pedrini, conhecido como Gaúcho, foi detido apontado por ser o intermediador com Amilton Padilha, tido como o assassino e que havia sido preso dias antes após roubo em Santa Catarina. Cerca de um ano após a prisão, os suspeitos de serem os mandantes tiveram o habeas corpus concedido pela Justiça e passaram a responder em liberdade, sendo monitorados por tornozeleira eletrônica. Em seguida, Gaúcho também teve concedido este direito, estando preso até hoje apenas Padilha, que também cumpre pena por outros crimes.

Genésio foi morto supostamente por engano enquanto estava se dirigindo ao trabalho. Foto: Divulgação

De acordo com o advogado das famílias das vítimas, Samir Mattar Assad, o processo está em sua última fase, estando sob análise do desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná, Wellington Emanuel Coimbra de Moura. “Primeiramente, a Polícia Civil concluiu o inquérito e encaminhou ao Ministério Público, que ofereceu a denúncia à Justiça, a qual já determinou que o caso irá a júri popular”, detalha Assad. No último mês de outubro, todo o processo foi digitalizado, fato este que garante maior celeridade no julgamento dos recursos. “Os próprios advogados podem acompanhar com maior precisão o andamento de cada etapa”, explica.

No decorrer de todo o andamento, a defesa dos acusados conseguiu a desqualificação do crime de associação criminosa, fato este que levou o Ministério Público a recorrer da decisão. “Este ponto está sendo analisado pela Justiça, que também está deliberando sobre outras questões”, salienta Assad. A expectativa é que toda esta parte seja concluída ainda no primeiro semestre de 2020, quando deve também ser marcado o julgamento. “Os trâmites estão avançando e esperamos que este caso tenha o desfecho final ainda no próximo ano”, concluiu Assad.

Saudade do filho – Dona Joanita Dreveck, mãe de Loir, busca ainda entender tudo o que aconteceu. “Como mãe, meu sentimento é de dor e indignação pela traição sofrida por meu filho, por saber que ele não voltará jamais e que dia a dia a dor da saudade, da impunidade e da indiferença só aumentam. Eu e meu marido (José Dreveck In memorian) fomos uns dos primeiros moradores de Piên, vimos e ajudamos essa cidade a crescer, nela criamos nossos filhos e construímos uma vida digna e honesta. Amamos essa cidade e o Loir cresceu com esse sentimento. Quando foi convidado a ser candidato reunimos a família, se eu tivesse dito não ele teria me atendido, mas achei que ele ia ajudar muito o povo daqui, então todos concordamos. Com quase 80 anos vou passar mais um Natal sem meu filho que era quem organizava, reunia e alegrava a família. Quem enterrou um filho sabe como essa dor é dilacerante e hoje só peço forças para continuar. Que eu possa ver os culpados na cadeia, pois não gostaria de deixar esse mundo sem que a justiça fosse feita”, relata.

Viúva vive a dor – Para a viúva de Genésio de Almeida, Maria Pavarin, a dor da saudade somente aumenta com o passar do tempo. “Mais um Natal sem ver seu sorriso e ouvir tua voz. Ando perdida perguntando se a justiça é cega, surda e muda. Penso que se não fosse minha amiga Rosilda Dreveck ter tirado você do anonimato seria ainda o homem que morreu por engano. Os bandidos soltos, enquanto muitos são punidos por roubarem para matar sua fome. A bandidagem que tirou sua vida e do Loir, soltos circulando por Piên. Mas eles têm dinheiro, mas nós temos Deus. Meu desabafo porque não aguento mais esperar, esperar, esperar e nada se resolve. Deus me dá forças para continuar gritando por justiça e, enquanto tiver forças, vou continuar lutando mesmo sem ter você do meu lado, Genésio. Quero justiça, nossas famílias merecem, por vocês e por nossos netos que vocês não viram nascer”, desabafa.

Defesas – A defesa de Gilberto Dranka mantém a posição de que ele é inocente e de que as acusações teriam motivos políticos. Segundo a defesa, ele e sua família sofrem por injustiça e tudo vai ficar esclarecido no julgamento. O advogado de Leonides Maahs alega que seu cliente não tinha motivo algum para participar de um crime como este, que ele teria sido jogado no processo para tentar ocultar a verdade e que será comprovada sua inocência. A defesa de Amilton Padilha vai aguardar o julgamento de recurso especial para então se manifestar. A defesa de Orvandir Pedrini também não se manifestou.

 

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