A cada 3 horas e 43 minutos uma pessoa morre por acidentes de trabalho em todo o país, conforme dados do Observatório Digital de Segurança e Saúde do Trabalho. Entre 2012 e 2018, segundo a plataforma, 16.455 mortes acidentárias foram notificadas no Brasil. Recentemente, foi comemorado o Dia Mundial e Nacional de Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças de Trabalho, data que marcou também as ações de conscientização da campanha Abril Verde com o intuito de alertar a sociedade sobre o assunto.
Em todo o suleste paranaense, os números apontam que no período analisado foram 32 mortes acidentárias no trabalho, sendo as cidades de Fazenda Rio Grande, Lapa e Mandirituba as líderes do ranking de óbitos, correspondendo, juntas, por 71% das ocorrências. Entre os acidentes mais comuns registrados nos dez municípios da região, entre 2012 e 2018, destacam-se os cortes, lacerações, feridas contusas e puncturas, com mais de 860 registros.
Segundo Roberto Santos Junior, técnico em segurança do trabalhador, do Departamento de Vigilância em Saúde do Trabalhador de Piên, são inúmeros os fatores de risco que podem resultar em lesões ou até morte no trabalho. “Falta de análise preliminar dos riscos em relação à tarefa a ser executada; descuido, indiferença, desatenção; falta de proatividade em relação à segurança para executar determinada tarefa, precipitação, desvio de conduta ao realizar determinada tarefa; falta de treinamento ou orientação específica para executar determinada tarefa”, detalha o profissional, apontando as ocorrências mais comuns no município recentemente. “Os acidentes mais verificados em Piên são com máquinas e equipamentos e quedas de altura”, explica.
O técnico reforça ainda a atuação da Vigilância visando a segurança do trabalhador. “A Vigilância em Saúde do Trabalhador realiza ações nos mais variados ramos produtivos, seja no comércio, indústria, agricultura ou prestação de serviços. A intenção é prevenir acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, tendo como prioridade o trabalhador como usuário do SUS. Neste sentido, temos o apoio e suporte da Secretaria de Saúde como um todo, pois trabalhamos em parceria com a Atenção Básica e com o hospital. É de grande importância que o usuário ao se consultar com o médico, seja particular, da empresa e, principalmente, do SUS, caso possua algum agravo que possa estar relacionado ao trabalho, informe e solicite a notificação. Incluem-se nestes casos os transtornos mentais, dores nas articulações, problemas respiratórios, perda auditiva, problemas de pele e até câncer. Estes casos deverão ser encaminhados à equipe especializada –Unidade de Saúde do Trabalho- do Hospital do Trabalhador. Esta equipe conta com Pneumologista, Dermatologista, Ortopedista, Psiquiatra e Reumatologista.
Para o diretor do Centro Estadual de Saúde do Trabalhador (Cest), Elizeu de Oliveira Freitas, uma das formas de prevenir os acidentes e mortes no trabalho é intensificar as ações de conscientização, tanto no ambiente de trabalho, quanto fora dele. “A campanha Abril Verde é uma proposta para que as pessoas se preocupem com a prevenção e busquem criar a cultura prevencionista na sociedade. É necessário também levar essa ideia para a escola, para que as crianças aprendam desde cedo quanto a segurança no trabalho”, afirma Freitas, reforçando ainda atuação de patrões, trabalhadores e a ação governamental visando a segurança no ambiente de trabalho. “É necessária a sensibilização do patrão em construir uma forma de não colocar em risco a saúde do empregado; que o trabalhador esteja preocupado com ele mesmo, não se submetendo a situações que o prejudiquem e a ação do governo em fiscalizar as atividades de trabalho”, finaliza.