sábado, 23
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novembro
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2024

A nova carne chegou!

O Brasil é o maior exportador de carne no mundo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o nosso rebanho é composto por mais de 200 milhões de cabeças, 1/5 do total do mundo. Estudos apontam que esta atividade é responsável pela emissão de pelo menos 50% dos gases-estufa com destaque para o gás carbônico (CO2) e o metano (CH4). Desmatamento, queimadas, digestão dos animais, transporte da cadeia de produção e insumos são os motivos de tamanha poluição. Mas como mudarmos os nossos hábitos alimentares? Temos um caminho de transição sendo construído.

Embora tenhamos um grande número de pessoas que não se alimentem de carne, os veganos ainda não conseguem superar em números os carnívoros. A ciência tem dado a sua contribuição para esta discussão fornecendo alternativas que impactem menos na vida de nosso planeta. A carne cultivada tem uma história de quase duas décadas de pesquisa em laboratórios e possui desafios que incluem a simulação de atributos nutricionais, textura, sabor e sensação na boca de produtos de carne de origem animal.

Um dos argumentos positivos deste alimento é que esta carne pode gerar até 90% menos gases do efeito estufa, 10% da terra e água e metade da energia necessários para produção de carne convencional. Embora ainda não hajam estudos sobre o assunto, empresas do ramo também afirmam que o seu trabalho diminuirá o número de doenças alimentares. Podemos dizer que o desenvolvimento da agricultura celular – tecnologias baseadas em engenharia de tecidos e cultura de células – com o objetivo de cultivar produtos de carne celular e acelular in vitro pode ser uma grande alternativa ambiental, econômica e social para o planeta.

A carne cultivada tem sido frequentemente anunciada como uma bala de prata para resolver os problemas ambientais causados pela produção de gado. A resposta a pergunta se isso poderia melhorar substancialmente a sustentabilidade dos sistemas de produção de alimentos depende de muitos fatores como a economia e eficiência de recursos, o impacto ambiental total da produção de uma unidade de carne cultivada precisaria ser menor do que a carne produzida convencionalmente e a tecnologia de produção exigiria aprovação e supervisão legal e regulatória. Este deve ter sido o seu primeiro contato com este tema mas com certeza não será o último. A nova carne chegou!

Por: Raphael Rolim de Moura – Biólogo, Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental, Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Professor universitário e atualmente ocupa Diretoria na Comec

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