O tema do momento é o isolamento social. Prende ou solta, abraça ou afasta, beija ou corre… Que dilema. Fato é que estamos há décadas isolados do planeta. Desde a Revolução Industrial vemos que a humanidade está cada vez mais isolada da natureza. Somos máquinas de trabalhar gerando muito lucro para poucos e muita miséria para muitos. Quem acreditou que as revoluções tecnológicas nos trariam mais qualidade de vida se enganou.
Caímos na armadilha da vida moderna e virtual. Certa vez li um artigo do filósofo esloveno Slavoj Zizek que escrevia sobre a perda da essência das coisas. O café agora é descafeinado, o leite condensado não tem açúcar, o sexo é virtual e o abraço virou curtida no aparelho celular. As redes sociais mostram a mentira e causam depressão nas pessoas. O que era para “unir” virou objeto de gula, avareza, inveja, ira, soberba, luxúria e preguiça. Fomos embebidos dos 7 pecados capitais.
O cordão umbilical com a Terra parece estar cada dia mais tênue. Precisamos resgatar a nossa essência. Não podemos nos consolidar como máquinas de metas insensíveis ao sofrimento dos irmãos da nossa espécie ou de outras do planeta. A vida é um dom dado a nós por um “Ser Divino” (licença agora para cada um chamar como quiser) que deve ser aproveitada em todas as suas faces.
Devemos quebrar o isolamento que a involução da humanidade nos trouxe cuidando da nossa casa única como um todo. Estar presente na vida de nossos filhotes e companheiros, cuidar dos idosos, conservar os recursos naturais, reduzir o consumo, repensar as nossas atitudes e acima de tudo buscar a integração. O físico Fritjof Capra já escreveu sobre a Teia da Vida. Estamos todos interligados e o nosso momento atual é exemplo disso. A globalização mundial não é apenas econômica, mas sim cultural e ambiental. Mesmo lutando para acreditar nisso, espero que possamos sair da crise de saúde atual mais fortalecidos como passageiros deste pequeno planeta do universo.
Por: Raphael Rolim de Moura – Biólogo, Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental, Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Professor universitário e atualmente ocupa Diretoria na Comec