Esta talvez seja a pergunta que todos deveriam se fazer perante o espelho após um certo tempo de vida. Alguns talvez foquem somente em bens materiais e dinheiro. Pensam nos imóveis que adquiriram, no carro com diversos opcionais de fábrica ou objetos de luxo que incorporaram ao seu patrimônio. Quando fomos abençoados com o chamado livre arbítrio (respeitando quem não crê nisso) passamos a decidir aquilo que entendemos como certo ou errado, moral ou imoral, valioso ou sem valor. Embora esta fase do consumo e da exaltação ao verbo “ter” ainda seja muito forte em nossa sociedade os tempos estão mudando.
Talvez se a pessoa não tiver a sorte, maturidade ou inteligência emocional em seu casamento, estes bens acima podem se transformar em maldição durante o divórcio e partilha material. Tudo aquilo que de material temos podem deixar de nos pertencer da noite para o dia. Outra hipótese pode ser a morte. Este estado de “não vida” tão temido por todos nos faz encarar uma realidade que só pode ser entendida com a nossa maturidade. Após a nossa morte, a grande maioria daqueles nossos “objetos de estimação” ou serão jogados em uma lata de lixo ou serão doados para alguém que dificilmente tenha o vínculo afetivo ou valorize aquilo que guardamos com tanto cuidado.
Aonde quero refletir então? Espero provocar a reflexão de que tudo aquilo de material que o Homo sapiens construiu não tem valor. O valor está, por exemplo, nas belíssimas paisagens que a natureza nos proporciona nas viagens e que nenhum divórcio nos tira. Temos valor no conhecimento adquirido seja na academia sendo traduzido em diplomas, ou seja, na vida normal.
Necessariamente, a nossa felicidade não está somente atrelada aos bens materiais, mas sim às experiências e relacionamentos que construímos e mantemos. Estes são chamados de bens imateriais. Devemos manter a batalha diária para que o nosso discurso se aproxime da prática. Não adianta em nada educarmos os nossos filhos para separar os resíduos em casa se não reciclamos e ainda jogamos lixo no chão. Refletir nos torna pessoas melhores. Agir nos torna pessoas transformadoras.
Por: Raphael Rolim de Moura – Biólogo, Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental, Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Professor universitário e atualmente ocupa Diretoria na Comec