segunda-feira, 25
 de 
novembro
 de 
2024

Quando o vaso sanitário entupir… Troque o vaso!

Os meus avós vieram de longe para morar em Curitiba. Meu avô veio de São Borja/RS e a minha vó de Porto União/SC. Ele seguiu a carreira de jornalista e ela de professora. Juntando algumas economias conseguiram comprar um lote em Matinhos/PR lá na década de 70 para construírem uma casa pré-fabricada e levar a família para passar os finais de semana na praia. Com o passar do tempo as reformas vieram e, infelizmente, os dois, após terem cumprido a sua missão nesta vida, partiram fisicamente.

A família passou então a fazer a gestão da casa. Filhos e netos assumiram aquela construção que tanto realizou os meus avós e mais reformas vieram. No projeto original, havia um banheiro ao lado da cozinha. Este foi, por muitos anos, o nosso único banheiro na casa. Certo dia, fui surpreendido com um fato no mínimo curioso. Cheguei em casa e percebi que o vaso sanitário não estava mais lá. Para a nossa sorte, outros três banheiros haviam sido construídos nas reformas realizadas. Mesmo assim aquele fato me tirou o sono.

Resolvi então investigar com a família o motivo do vaso sanitário não estar mais lá. Após alguma investigação eu descobri o motivo. Aquele vaso sanitário estava entupido. Somando ao fato de carecermos de um espaço para depositar quinquilharias comuns em casas de praia já havia então a justificativa para a “extinção” do vaso sanitário.

Esta “parábola” do vaso sanitário vem ao encontro à proposta de redução dos municípios no país. Os municípios com menos de 5 mil habitantes e com arrecadação própria menor que 10% da receita total estão correndo o risco de serem extintos. Será que não estamos querendo retirar o vaso sanitário do banheiro ao invés de desentupir o mesmo? No meu entendimento, o que devemos discutir são as maneiras de tornar as gestões mais eficientes. Após esta discussão e estudo, caso não consigamos avançar no tema, aí sim discutir a diminuição dos municípios. Assim como a medicina preventiva pode salvar muitas vidas e poupar os cofres públicos, a gestão pública eficiente pode e deve realizar este mesmo papel. Não podemos mais discutir estado máximo ou mínimo, devemos trazer para todos o “estado necessário”.

Por: Raphael Rolim de Moura – Biólogo, Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental, Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Professor universitário e atualmente ocupa Diretoria na Comec

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