Neste final de semana fui tocado por uma frase vinda do meu pai. Quando conversávamos sobre generalidades da vida e caímos no assunto consumo, ele insistentemente me repetia um questionamento: “Meu filho, comprar isso é necessário? Você realmente precisa disso?” Toda hora que ele repetia esta pergunta eu lembrava das minhas aulas aonde eu explicava a importância dos 5 R’s aos meus alunos. Quando falamos em repensar, reduzir, recusar, reutilizar e reciclar fazemos uma análise importante sobre o nosso modo de vida, consumo e preocupação com o planeta.
Voltando há alguns meses fiquei surpreso pela explanação de meu afilhado sobre os 8 R’s. Isso mesmo! O que começou após a Segunda Guerra Mundial devido a escassez de produtos industrializados com os “3 R’s” já chegou em 8 ratificando a discussão da sustentabilidade. São eles: refletir, reduzir, reutilizar, reciclar, respeitar, reparar, responsabilizar-se e repassar. Percebi então que a discussão iniciada com reduzir, reciclar e reutilizar tinha tomado uma característica muito mais reflexiva ao longo do tempo. Os três verbos iniciais que possuíam um caráter muito mais mecânico de realizarmos em nosso dia a dia tinham tomado um aspecto mais amplo.
Mas o que faz um pré-adolescente e um senhor de 60 anos de idade falarem sobre o mesmo tema demonstrando preocupação com o planeta? A questão ambiental passou a fazer parte de nosso cotidiano. Talvez aquilo que os cientistas reunidos em 1972, na primeira grande reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) em Estocolmo, imaginavam finalmente está acontecendo. A onda verde chegou! E chegou porque finalmente percebemos que a nossa qualidade de vida está umbilicalmente ligada ao meio ambiente.
Até mesmo os que escrevem atrocidades a respeito do tema não têm convicção em suas palavras. A natureza é implacável e a nossa relação com ela deve ser um casamento harmonioso. Aqueles que ainda não acordaram para esta realidade passarão, nós passarinho (parafraseando o poeta Mario Quintana). Nós realmente precisamos disso! Obrigado meu pai pelos ensinamentos e reflexões.
Por: Raphael Rolim de Moura – Biólogo, Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental, Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Professor universitário e atualmente ocupa Diretoria na Comec