Não podemos deixar de falar sobre o assunto mundial do momento: as queimadas no bioma Amazônia. Inicialmente, vale destacar que ele ocupa cerca de 40% do território nacional em áreas nos estados do Pará, Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia e Roraima e algumas partes do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. Já na América do Sul ocupa parte das Guianas, Suriname, Venezuela, Equador, Peru e Bolívia. A sua extensão total é de 6,9 milhões de Km² sendo 4.196.943 milhões de Km² no Brasil, considerado o nosso maior bioma.
Região de importante biodiversidade (a maior do planeta) contando com aproximadamente 2.500 espécies de árvores e cerca de 30 mil espécies de plantas, das 100 mil existentes no continente sul americano (ainda não sabemos a sua totalidade de espécies). A Amazônia participa de grande parte do regime de chuvas continental além de atuar na regulação do clima e no armazenamento de bilhões de toneladas de carbono. O fato é que devemos parte de nossa vida à esta floresta.
Com estas informações preliminares conseguimos ter a noção da importância desta floresta para todo o planeta. Vale destacar, também, que tudo o que está em nosso território é de nossa responsabilidade. Recentemente, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgou alguns dados técnicos sobre o aumento de focos de incêndio no bioma Amazônico superando médias históricas. Fato este que causou a demissão do diretor do órgão na época da divulgação dos dados. Tal ato corrobora com a necessidade urgente de fazermos com que os dados técnicos orientem melhor as ações políticas. Precisamos fortalecer as estruturas de controle ambiental em todo o nosso país. Licenciamento, monitoramento e fiscalização são os alicerces de qualquer nação que queira desenvolver com sustentabilidade e olhos voltados para o futuro.
Logicamente que há o fator da política externa neste debate. Já que a Amazônia “pertence ao mundo”, esperamos que toda a riqueza que os europeus levaram do nosso continente possa ser-nos “devolvida” com o mesmo ímpeto que discutem a floresta. De “lambuja” internacionalizaremos a nossa pobreza, a desigualdade social e alguns políticos que mesmo após vários mandatos ainda não sabem se “é dia ou se é noite”. Que esta “preocupação” mundial seja na alegria e na tristeza também afinal somos uma nação com extremas desigualdades sociais, ambientais e econômicas.
Por: Raphael Rolim de Moura – Biólogo, Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental, Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Professor universitário e atualmente ocupa Diretoria na Comec