Nos primórdios da discussão ambiental mundial, a sociedade creditava aos defensores da causa ambiental os títulos de “eco-chatos” e “bio-desagradáveis”. Estes adjetivos eram dados porque não faz muito tempo que o tema meio ambiente tem sido estudado como o foco da sobrevivência de nossa espécie. Nosso planeta já passou por períodos de extremo frio e de extremo calor. Muitas variáveis ambientais não estão sob controle do homem mas nós podemos ser agentes de aceleração de alguns fenômenos naturais. O problema é que ainda não existe tecnologia capaz de deter os resultados que esta nossa ação tem causado no planeta. Podemos facilmente elencar alguns itens para a nossa reflexão: água, resíduos sólidos, florestas, ar… Vamos então falar um pouco sobre estes temas aqui no jornal semanalmente trazendo para o nosso cotidiano a preocupação necessária que temos que ter com estes recursos naturais que são finitos.
A cidade deve ser o principal foco das gestões públicas. Como as pessoas se relacionam, como elas vivem, como elas desenvolvem as suas atividades de trabalho e lazer e como elas interagem com o meio ambiente. Em nossas casas procuramos ter o maior zelo possível com a limpeza, por exemplo. Não deixamos lixo no quintal, realizamos o corte da grama do jardim, mantemos as árvores saudáveis e ligamos corretamente nosso esgoto na rede ou em uma estrutura de tratamento. Estas ações muitas vezes têm reflexo direto na saúde ambiental de nossa cidade.
Quando falamos em meio ambiente tratamos ao mesmo tempo de saúde pública. Ao não deixar lixo no quintal afastamos as possibilidades de reprodução do mosquito da dengue. Ao manter a grama do jardim cortada diminuímos a possibilidade de que acidentes com serpentes ocorram. Ao mantermos as árvores saudáveis possibilitamos que os pássaros tenham ambiente favorável paro e seu bem-estar e estes se encarreguem de se alimentar de algumas pragas urbanas. Ao tratarmos de dar o destino correto ao nosso esgoto, afastamos a possibilidade de doenças de vinculação hídrica que podem ceifar vidas.
Na prática, percebemos então que somos os principais agentes ambientais na sociedade e que o dever deste zelo com a cidade não pertence apenas aos gestores públicos mas à coletividade. Cada cidadão tem o seu conjunto de direitos mas também de deveres com o território. A regulação das regras de ocupação do território compete ao poder público, porém, o cumprimento das leis tanto ambientais quanto urbanísticas compete a todos nós. Não existe flexibilização, existe a lei. Aproveitando esta “onda” de discurso de moralização que vive o nosso país devemos de uma vez por todas entender que as leis existem para serem cumpridas e para acima de tudo proteger o cidadão e a sociedade como um todo. A atualização destas é saudável e deve ser realizada de acordo com a evolução da humanidade mas nunca perdendo o foco na sustentabilidade ambiental, econômica e social, afinal “cuidar da vida é da nossa natureza”.
Por: Raphael Rolim de Moura – Biólogo, Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental, Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Professor Universitário e atualmente ocupa Diretoria na Comec