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2024

Acidente com ônibus universitário completa 1 ano de muitas marcas

Higor planeja prestar vestibular ainda este ano. Foto: Arquivo/O Regional Fé, superação e muita força de vontade são adjetivos que simbolizam, ao menos em parte, a vida de três estudantes que tiveram graves ferimentos no acidente com o ônibus dos universitários de Agudos do Sul e Piên. Na última quarta-feira, completou-se 1 ano da tragédia. A redação de O Regional conversou com os três envolvidos, que ainda buscam se readaptar a uma nova realidade.

Com a intenção de ampliar seus conhecimentos para realizar o vestibular de engenharia civil na Universidade Federal do Paraná, Higor Siqueira Ribeiro, na época com 16 anos, estava realizando cursinhos preparatórios. “Estudava no colégio durante o dia e à noite ia para o curso”, conta. Por sinal, diz que não recorda do acidente. “Lembro somente que estava sentado atrás do banco do Gabriel (vítima fatal do acidente). Acordei na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital de Jaraguá do Sul, parecia que estava sonhando, somente fui me dar conta quando cheguei em casa”, relata.

Higor sofreu traumatismo craniano, ficando 16 dias em coma na UTI e outros 7 internados no quarto. “Em setembro, fiz uma cirurgia para reconstituir a calota craniana. Tive minha fala afetada e o movimento de uma das pernas, além de ter quatro crises posteriormente ao acidente”, conta. Apesar das dificuldades, ele concluiu o ensino médio e pretende prestar vestibular ainda este ano. “Acredito que estou vivo por um milagre, e vou em busca dos meus sonhos”, finaliza.

Cássia tem dado continuidade à faculdade de fisioterapia. Foto: Arquivo/O RegionalJá a estudante Cássia Fabíola da Rocha Alves, de 18 anos, se recorda vagamente do acidente. “Lembro da movimentação e das pessoas conversando comigo”. A jovem perdeu a visão do olho esquerdo, teve um dos braços amputado, fraturas e perdeu o movimento na perna esquerda. “Meu corpo ficou todo marcado de ferimentos, as cirurgias aconteciam de dois em dois dias. Fiquei 23 dias internada na UTI e 3 no quarto do hospital de Campo Largo”, lembra. Após a retomada para casa, Cássia recorda o sofrimento com os curativos. “Foi um período difícil, onde tive muitas dores, em dezembro retirei o fixador da perna. Eu era bastante ativa e agora tento me readaptar, realizando o máximo possível de coisas que antes eu fazia”, explica. Para o futuro, ela tem planos e um deles é concluir a faculdade de fisioterapia. “Tenho feito as matérias domiciliares, sendo que as provas e trabalhos faço na faculdade. Não vou desistir dos meus sonhos”, salienta Cássia, fazendo uma análise. “Estas dificuldades que hoje enfrento servem, inclusive, para que as pessoas reclamem menos da vida e agradeçam pelo simples fato de poder viver”, enfatiza.

Situação semelhante enfrenta a universitária Emanuely Guerreiro, de 21 anos, que sofreu fraturas expostas no braço esquerdo, que posteriormente teve que ser amputado, e na perna esquerda. “Estava dormindo no momento do acidente e me recordo das pessoas gritando e eu sendo socorrida na ambulância”, relata. Encaminhada ao hospital de Campo Largo, ela ficou 29 dias internada na UTI e outros 3 no quarto. “Foram várias cirurgias e em um primeiro momento fiquei sem reação. Nesta semana, existe a previsão de retirar o fixador da perna”, informou. Emanuelly também está fazendo matérias domiciliares e quer concluir a faculdade de educação física. “Vou alcançar este objetivo e vivendo intensamente cada segundo. Pretendo também adquirir uma prótese para o braço, hoje avaliada em R$ 350 mil”, comenta. Para arrecadar fundos, estão sendo realizados eventos beneficentes. “No próximo dia 22, haverá almoço e bingo na capela Santo Antônio, no bairro Lagoa, em Tijucas do Sul. É aberto para o todo o público”, convida Emanuelly.

Amigos, professores e principalmente os familiares consideram que a força destes três universitários e dos demais envolvidos no acidente serve de inspiração. A busca por uma melhor qualificação e um futuro melhor já é motivo de reconhecimento. Quando se trata de situações adversas, esse reconhecimento não tem tamanho.

Uma família em luto – O acidente aconteceu no quilômetro 183,8 da BR 116, em Campo do Tenente, quando os universitários retornavam da cidade de Mafra, onde fica uma das faculdades mais frequentadas por estudantes das cidades da região. O coletivo que levava os alunos foi atingido por um caminhão bi-trem que realizava ultrapassagem. Um dos alunos, Carlos Gabriel Munhoz, morreu na hora. Ele tinha 21 anos, cursava Recursos Humanos, e assim como muitos era mais um filho dedicado que sonhava com um futuro promissor. A família tenta superar a perda. “Está difícil, cada dia que passa tudo vai piorando, nunca imaginamos perder a pessoa mais importante das nossas vidas. Foi um baque e é cada vez mais doloroso quando a ficha cai que ele não está mais conosco. A saudade com os dias se passando aumenta, a maioria das pessoas chega e diz que com o tempo vai amenizando, mas digo que não, pois só aumenta”, relata a irmã de Gabriel, Daniela Munhoz.

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