Com apenas um posto de atendimento e um correspondente bancário, o município de Campo do Tenente, especialmente os comerciantes, tem enfrentado uma série de dificuldades. Muitos dos trabalhadores, agricultores e aposentados têm que se deslocar a cidades vizinhas para realizarem saques e receberem seus salários e, consequentemente, uma parcela deste ordenado fica em compras no comércio vizinho.
Este dilema já é enfrentado há alguns anos pela população tenenteana. Após explosões às unidades bancárias do Itaú e do Banco do Brasil, ambas as estruturas não reabriram. Com isso, o município passou a contar com um posto de atendimento da Caixa Econômica Federal, a qual tem um limite para realizar saques, depósitos e pagamentos, e os Correios, que atua como correspondente do Banco do Brasil, mas temporariamente não tem feito qualquer movimentação com dinheiro em espécie.
Com uma floricultura estabelecida há três anos no município, a empresária Joice Ruthecoski enumera alguns dos vários problemas causados por não ter uma agência constituída na cidade. “Utilizo os aplicativos pela internet, mas muitas vezes para pagar fornecedores preciso me deslocar à cidade de Mafra, onde tenho gasto de deslocamento e pedágio, além de perder ao menos um meio dia de trabalho, o que poderia ser resolvido em poucos minutos”, compara Joice, relatando que o movimento de vendas caiu mais de 50% após o fechamento das unidades do Banco do Brasil e do Itaú. “Principalmente os aposentados e agricultores foram os que mais deixaram de comprar no comércio local com esta dificuldade. Outro ponto desfavorável é que os pedidos de fiado aumentaram consideravelmente”, relata Joice, que utiliza máquinas de crédito para facilitar as vendas.
Quem também lamenta este impasse é o empresário Augustinho Karpinski, que atua no ramo de material de construção há 15 anos no município. “Acredito que este seja um descaso dos bancos com a cidade, a população paga altos impostos e não tem nem ao mesmo o atendimento digno de uma agência bancária de instituições públicas”, critica Augustinho, salientando que a geração de empregos ficou comprometida. “O comércio como um todo sente muito sem este serviço no município, eu mesmo tive que abrir mão de quatro funcionários porque as vendas caíram consideravelmente e foi necessário cortar os pedidos de fiados”, enfatiza. Para ele, as cooperativas de crédito podem ser uma alternativa interessante. “Apresentamos à prefeitura, juntamente com a associação comercial, a possibilidade de instalação do Sicredi. Assim poderíamos ao menos minimizar os prejuízos e circular o dinheiro na cidade”, opina. Para não precisar se deslocar diariamente a outras cidades, Augustinho paga uma outra pessoa que vai até a agência vizinha e realiza os pagamentos para o comércio tenenteano.