Parte da propriedade, composta por uma Floresta Ombrófila Mista, com a presença de araucárias e imbuias, foi desmatada para se transformar em pasto. Área foi embargada e o proprietário será multado
Com o auxílio de imagens de satélites, o Instituto Água e Terra (IAT) embargou uma área de 2,2 hectares em Quitandinha, na última quinta-feira. O local, onde também foi apreendida uma motosserra por falta de documentação, era composto por uma Floresta Ombrófila Mista, com a presença de araucárias e imbuias, entre outras espécies, e foi desmatado para se transformar em pasto.
O proprietário foi notificado para comparecer ao IAT, em Curitiba, para apresentar defesa. A multa é estimada em mais de R$ 40 mil, cálculo que será finalizado após a verificação de todos os danos ambientais, e também está prevista a recomposição da área.
A engenheira florestal e responsável técnica pelo Núcleo de Inteligência Geográfica e da Informação (NGI), Aline Canetti explicou que o desmatamento em Quitandinha foi detectado via sistema Global Analysis and Discovery, da Universidade de Maryland, que está à disposição do IAT. “Realizamos uma análise completa do imóvel a partir de imagens de satélite multitemporais, de alta resolução, validando a detecção dos desmatamentos, bem como sua sobreposição com Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal”, destacou.
A chácara embargada foi desmembrada de uma propriedade ainda maior, de 24 hectares, que também apresenta pontos de supressão da vegetação. Segundo o NGI, a área total de desmatamento chega a 7,93 hectares, sendo 0,17 hectare de Área de Preservação Permanente e 1,22 hectare de Área de Reserva Legal, o que qualifica o crime ambiental.
A divisão do terreno original, com a venda de duas partes, não foi informada ao IAT e não houve substituição do titular do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e os outros dois proprietários também precisarão dar explicações ao órgão ambiental. Ainda segundo o NGI, o corte de árvores teve início em 2020 e prosseguiu até fevereiro deste ano, quando o maior “clarão” vegetativo foi identificado pelos técnicos do núcleo.
O diretor-presidente do IAT, Everton Souza, falou sobre a situação de irregularidade. “O CAR é a identidade da propriedade. Se os proprietários vendem e não atualizam o cadastro, serão notificados em caso de irregularidades. Quem optar por andar na ilegalidade será identificado. Precisamos que as pessoas nos informem para que não fiquem solidários em caso de ações fora do padrão. O CAR tem de estar sempre atualizado”, pontuou.
Apenas no ano passado foram 3.411 autos de infração emitidos pelo instituto de danos à flora em todo o Paraná, com R$ 94,8 milhões em multas.
Graças às denúncias feitas pela população, tanto pelo telefone da Força Verde quanto pelo Disque-Denúncia 181, dezenas de localidades são monitoradas para identificar pontos sensíveis e os responsáveis por devastações da flora silvestre.
O contato com as forças policiais pode ser feito via telefone 181, de forma gratuita, ou através da internet. Tanto pelo telefone quanto pela internet, é possível manter o anonimato, pois não é necessário se identificar.