domingo, 8
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dezembro
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2024

Petrópolis é o Brasil

A tragédia ocorrida no município de Petrópolis/RJ já era anunciada e corre o risco de ser vista em diversos lugares do Brasil. A prefeitura tinha em mãos desde 2017 um estudo que identificou 15.240 moradias com risco alto ou muito alto de destruição. Isto por consequência de chuvas no local mais afetado da cidade. A empresa Theopratique Obras e Serviços de Engenharia e Arquitetura, foi contratada pelo município por R$ 400 mil, com recursos federais para realizar o Plano Municipal de Redução de Riscos. Para mitigar os riscos em um dos locais mais afetados nos últimos eventos climáticos, foi calculado um orçamento de R$ 35 milhões, sendo que a maior parte dos recursos deveria ser aplicada no reassentamento de moradores, R$ 13,1 milhões. Ocupações em áreas irregulares trazem cada vez mais risco à vida das pessoas e muitas prefeituras, embora tenham informações, não agem. Qual o custo real para a reconstrução das áreas atingidas? Difícil de calcular.

As áreas de risco são regiões onde não é recomendada a construção de casas ou instalações por serem locais muito expostos a desastres naturais. Estes desastres podem ser, por exemplo, desabamentos ou inundações. Essas regiões vêm crescendo muito principalmente devido à própria ação humana. As encostas de morros inclinados ou à beira de rios são áreas de extremo risco.

No Brasil, ao menos 4 milhões de pessoas vivem em áreas de risco. No ano de 2020, o Governo Federal mapeou um quinto dos municípios, ou seja, este número de moradores de encostas e áreas de inundação é, portanto, ainda maior. Segundo o Serviço Geológico do Brasil, este estudo, que foi feito entre 2011 e 2020 em apenas 1.605 cidades, indicou 14.443 áreas com alto risco e 954 mil moradias nestas condições. Apenas em 194 municípios riscos não foram identificados. Outro dado importante é que grande parte das áreas de risco no país estão relacionadas às inundações (34%) e aos deslizamentos (49%).

Todo tipo de estudo referente ao assunto, dá a oportunidade de o poder público agir com antecedência às tragédias por meio de um planejamento eficaz. Todos nós, neste momento, temos o risco de ver em nossa vizinhança as cenas tristes que Petrópolis nos mostrou. Cabe aos governantes mais ação e menos discurso.

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