É na cidade que as pessoas vivem. Os gestores públicos que não focarem as suas ações na qualidade de vida do cidadão estarão fadados ao fracasso. Frequentemente, observamos diversas ações das gestões municipais que não são aceitas pela população. Como observamos isso? Um parque ambiental sem movimento, uma alteração viária contestada, uma linha de ônibus com pouco frequência de usuários podem exemplificar esta afirmação.
O arquiteto e urbanista Jaime Lerner, ex-governador do estado do Paraná e ex-prefeito de Curitiba denominou as ações pontuais nas cidades de “Acupuntura Urbana”. Nesta denominação temos duas leituras que devemos fazer. A primeira refere-se à comparação da cidade como um “ser vivo” em constante processo de amadurecimento e crescimento. Este “ser” também está sujeito a doenças, neste caso urbanas. Ônibus lotados, violência urbana, trânsito caótico e serviços de saúde que não vencem a demanda de atendimento são doenças facilmente observadas nas cidades. A segunda leitura vem de encontro ao papel do gestor público de promover alterações pontuais nos sistemas de saúde, educação, mobilidade urbana e meio ambiente que tragam o bem-estar da população ou pelo menos diminuam as dores causadas pelas doenças urbanas. Os chineses usam a acupuntura para curas pontuais.
Para tal, devemos romper a barreira das indicações meramente políticas para cargos estratégicos das administrações públicas e levar em conta a formação técnica destes. Para ter sucesso em um empreendimento, a iniciativa privada procura os melhores profissionais disponíveis no mercado. O poder público deve então seguir este exemplo, buscando indivíduos que tragam, além do comprometimento e do zelo pela causa pública, competência técnica para desempenhar as suas funções. Precisamos de mais “acupunturistas urbanos” para trazer saúde para as cidades.
Por: Raphael Rolim de Moura – Biólogo, Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental, Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Professor universitário e atualmente ocupa Diretoria na Comec