Até pouco tempo os políticos se preocupavam única e exclusivamente com a disputa eleitoral e a forma mais eficaz de ganhar a eleição. Hoje, a situação se alterou. O maior desafio não é mais vencer os concorrentes e ser empossado ao cargo, mas sim governar. Nas atuais circunstâncias, com a constante transferência de responsabilidades para os municípios, queda de receitas e crise econômica, administrar e realizar se tornou uma tarefa de difícil êxito.
Nesta semana, o jornal Folha de São Paulo divulgou uma relação de prefeitos que simplesmente anunciaram a desistência da disputa eleitoral. São governantes preocupados em fechar as contas, cumprir com a Lei de Responsabilidade Fiscal e que estão desacreditados com a recuperação da economia no país. Ou seja, deixam a vida pública porque não visualizam alternativa de receita para atender as demandas da população e também não pretendem viver o resto da vida respondendo e se defendendo juntos aos órgãos de controle.
A revisão do Pacto Federativo, que é repensar a distribuição de receita entre União, Governos Estaduais e Prefeituras, continua sendo um sonho distante no Brasil. Por outro lado, o custo do poder público continua crescendo. A iniciativa privada sofre com o aumento da carga tributária e o cidadão com os impostos. São fatos que demonstram um cenário desfavorável para um país que precisa encontrar o caminho do crescimento com a eliminação da desigualdade, inclusão social e acesso aos serviços básicos.
Fica cada vez mais claro aos pretendentes a cargo público que é necessário pensar diferente sobre a participação na vida política administrativa. Não é aceitável que se queira fazer do cargo público uma conquista e projeto pessoal. Governar e legislar exige muito mais do que isso