Uma triste realidade não só dos municípios da região, mas também de muitas pequenas cidades do interior do país, é a dificuldade em contratar médicos para a atenção básica à saúde. O próprio porte financeiro das prefeituras já dificulta a oferta de salários altos, mas muitas vezes nem aquelas que conseguem oferecer bons vencimentos atraem os profissionais, que preferem ficar nos grandes centros.
O governo federal tentou auxiliar neste processo criando o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), que busca fazer com que os profissionais atuem no interior com incentivos como bolsas de especialização e bônus para concursos de residência. Porém, isso não foi o suficiente.
No suleste paranaense, algumas cidades aderiram ao Provab, na tentativa de reforçar suas equipes médicas. São elas Contenda, Fazenda Rio Grande, Lapa e Piên.
Apenas em Piên e Fazenda houve efetivamente contratações. Porém, na Fazenda, o médico atuou por somente algumas semanas. E no caso de Piên, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o profissional contratado é da área de odontologia; não foi conseguido médico pelo programa. Ou seja, mesmo com os incentivos federais, os médicos não estão se sentindo atraídos para trabalhar no interior.
A secretária de Saúde da Lapa, Lígia Cardieri, também relata a dificuldade em contratar mais médicos. E o caso ainda foi agravado, já que do início do ano até então quatro destes profissionais da atenção básica deixaram de atuar na cidade. “Recentemente, conseguimos contratar duas médicas, mas com carga horária menor”, salienta. Ela cita que também a UPA 24h teve problemas de déficit de profissionais.
Para Lígia, é difícil quem queira deixar os grandes centros para trabalhar na área rural. “Mesmo oferecendo melhores salários, o que pesa no orçamento do município, não conseguimos atrair mais médicos para nossas equipes”, enfatiza.
Na Lapa, um médico do ESF pode chegar a receber cerca de R$ 14 mil. Em Piên, há meses em que o salário bruto de um médico é de mais de R$ 15 mil. Um dos municípios que conseguiram contratar médicos recentemente foi Campo do Tenente, com dois novos profissionais. No mês passado, o governo brasileiro anunciou a decisão de contratar médicos de Cuba para vagas em cidades brasileiras que até hoje não conseguem contar com atendimento de saúde.
Redação