A relação entre a população e a Arteris Planalto Sul vem se desgastando ao longo dos anos. Alegando medidas de segurança para evitar acidentes, a concessionária que administra o trecho da BR 116 vem impondo uma série de exigências, principalmente no fechamento de acessos. Uma das cidades mais atingidas é Mandirituba, onde importantes modificações foram realizadas.
Em uma das bancas situada às margens da rodovia, os proprietários foram obrigados a retirar cerca de um metro do beiral externo. “Construí este empreendimento há 27 anos e o beiral, que ficava a vários metros da rodovia, utilizava para expor os produtos e para os clientes não se molharem tanto em dias de chuva. A concessionária simplesmente chegou aqui e nos obrigou a retirar, alegando que a área pertencia a eles. No entanto, tenho escritura do imóvel e nunca fui ressarcido”, lamenta o proprietário Oracildes Silva. Nas proximidades do empreendimento, uma estrada secundária também foi fechada pela Arteris. “Infelizmente, estamos sujeitos ao que a empresa quiser fazer. Nem das nossas terras somos de fato donos, o que é lamentável porque os moradores estão aqui há muito mais tempo que a concessão”, salienta. Para evitar o fechamento das bancas, os comerciantes estão com processos judiciais em andamento.
A obstrução dos acessos trouxe outros inúmeros prejuízos ao empresário Lucas Domingos Pires, que teve que deixar seu estabelecimento próprio em Mandirituba para alugar um espaço em Campo do Tenente. “Trabalho no ramo de plotagem e pintura, sendo que a grande maioria dos serviços é realizada em caminhões. Após o fechamento do acesso, onde nunca vi um acidente sequer, 90% do movimento caiu. Um caminhão tentou manobrar no espaço deixado para adentrar na via ao lado ao meu comércio, mas como o local era curto bateu em um poste”, relata Lucas, que há pouco mais de um ano buscou novo endereço. “Hoje percorro mais de 100 quilômetros e tenho ao menos R$ 1.600,00 a mais de custos”, estima Lucas, lamentando a falta de diálogo com a Arteris. “Na época não houve comunicado algum do fechamento. Posteriormente, fui conversar na concessionária, mas nada do que foi falado saiu do papel, como a construção da marginal. Uma lavação que funcionava ao lado também fechou e barracões, antes sempre alugados, agora estão vazios já que os caminhões não têm espaço para manobrar”, finalizou.
Descontente com as medidas adotas pela Arteris, o prefeito de Mandirituba, Luís Antônio Biscaia, criticou a falta de diálogo com a população. “Mediante a tantos questionamentos e críticas, analiso que a concessão trouxe sérias dificuldades ao município. Primeiro, os moradores e comerciantes estão sendo prejudicados com o fechamento dos acessos. E as obras necessárias para garantir a mobilidade ainda não foram efetivadas”, pontuou o prefeito, enumerando outras dificuldades. “As empresas não querem se instalar em Mandirituba por causa da praça do pedágio, que fica praticamente na divisa do município e tem uma tarifa abusiva. Vamos buscar de todas as formas garantir à população seus direitos e fazer com que o município não seja prejudicado de tal forma”, concluiu.
Nota da Arteris – A Arteris Planalto Sul comunicou que os fechamentos dos acessos irregulares visam evitar acidentes, sendo também uma obrigação estipulada no contrato de concessão. A concessionária reforça que todas as medidas adotadas recebem o aval da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT), sendo que em todos os casos a comunidade continua tendo sua mobilidade assegurada.