À frente da Funerária Pires desde os anos 80, comerciante pienense recorda fatos que marcaram sua trajetória e enaltece que exerce a atividade com zelo e dedicação
Quem frequentemente passa pela área central de Piên já conhece os estabelecimentos e comerciantes que atuam na região. São lojas de roupas, papelarias, panificadoras, farmácias e mercados que têm seus proprietários e colaboradores bem conhecidos pelos clientes.
Uma figura bastante popular na cidade é Jair Pires que, além da loja de armarinhos, vestuário e calçados, atua em uma área considerada por muitos um tanto peculiar. Há mais de 40 anos ele presta serviços no ramo de funerária, colecionando histórias, lembranças e momentos marcantes.
A trajetória da Funerária Pires teve início nos anos 80, quando Jair Pires, que na época trabalhava em um comércio agropecuário, passou a cuidar da funerária de propriedade de terceiros. “Eu trabalhava para empresários de Curitiba em um negócio agropecuário, que na época chamava-se Café do Paraná, e eles abriram a funerária para eu cuidar, recebendo uma comissão por vendas”, lembra o pienense, que após negociações com os patrões acabou adquirindo a empresa.
Mesmo sem se recordar do primeiro falecido que atendeu, Pires tem lembranças de como eram os caixões da época e o processo de preparação para o funeral. “Naquela época os caixões eram cobertos de tecido, principalmente o roxo, e hoje já são todos envernizados. As flores eram do jardim, era usado o cedrinho para preencher o caixão e depois as flores”, conta o comerciante detalhando sobre outros procedimentos funerários. “Hoje, 80% dos corpos passam pela tanatopraxia, tratamento que é feito em uma sala especial para a conservação dos corpos”, completa.
Segundo Pires, ao longo da trajetória, o período da pandemia de Covid-19 foi um grande desafio, pois precisou dar uma pausa nos trabalhos. “Eu tenho mais de 60 anos e tinha o impedimento de exercer a atividade. Quando eu atendia casos [de falecimento] por Covid, eu e minha esposa ficávamos 15 dias isolados em casa, como se estivéssemos com a doença. Devo ter atendido uns três funerais e então parei. Mas acredito que, neste tempo, que outra funerária assumiu este serviço, foram mais de 100 pessoas sepultadas, vítimas ou não da doença”, relata.
Além do marco da pandemia, o pienense elenca outros momentos e despedidas que marcaram a história da Funerária Pires. “Eu já enterrei meu pai, avós, padre, prefeito e vereadores. Então, em 43 anos, foram várias pessoas e famílias. O padre Ramiro, por exemplo, me marcou muito, pois gostava muito dele”, compartilha o comerciante, enaltecendo que atuar neste ramo é resultado de um dom. “Qualquer profissão que exerça é preciso ter um carinho e amor pelo que está fazendo e, nesta área ainda mais por estar mexendo com pessoas e famílias. Eu gosto do que faço e só vou parar se estiver com algum problema de saúde ou algo que me impeça de dirigir, senão vou até o final da minha vida, se Deus quiser e Ele quer”, finaliza.