Em um ano bastante atípico e com as condições climáticas desfavoráveis para o pleno desenvolvimento da cultura do tabaco, os fumicultores de Piên voltam a sofrer prejuízos com outro grande obstáculo: as quedas de energia elétrica durante o processo de secagem da produção.
Um dos agricultores que já contabiliza prejuízos é João Vieira Portela, da localidade de Cachoeirinha. Ele conta que colheu na última semana as duas primeiras estufadas da sua lavoura de 50 mil pés de fumo, mas, no sábado e domingo, houve quedas de energia que comprometeram a qualidade do tabaco. “As folhas ficaram manchadas e algumas também grudadas”, lamenta João, que entrou em contato com a Copel, companhia responsável pelo fornecimento de energia, a qual informou a ele que o motivo da interrupção se deu pela realização de reparos emergenciais. “Não recebi qualquer informação sobre o desligamento, que em um dos dias se deu das 13 horas às 16h30. Além disso, acredito que os reparos devem ser feitos em outras épocas ou que haja uma comunicação maior neste sentido”, destaca.
Ainda de acordo com João, no ano passado ele adentrou na Justiça após ter outras duas estufadas danificadas pela falta de energia. “Em safras anteriores sofri com o mesmo problema e acabei suportando todo o prejuízo sozinho. No entanto, na última vez decidi tentar procurar meus direitos”, relata. Somente nesta ocasião em questão, o agricultor conta que vendeu o fumo danificado a R$ 2,24 o quilo. “Havia colhido uma estufada anterior, a qual não tive problemas e foi comercializada a R$ 11,31 o quilo. Estimo um prejuízo de cerca de R$ 19 mil somente na última safra”, ressalta.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Piên, Agnaldo Martins, este grave problema atingiu a dezenas de agricultores na última safra e agora gera nova apreensão. “Somente no último ano, mais de 100 agricultores pienenses acionaram a Copel na Justiça. Agora novamente registramos os mesmos problemas, sendo que estamos apenas iniciando a colheita”, salienta. Para ele, a Copel precisa adotar algumas medidas para minimizar as quedas de energia. “Sabemos que os temporais desta época são frequentes e podem acontecer as quedas de energia. No entanto, o que temos registrado é uma má-qualidade no serviço com interrupções seguidas, equipes de trabalho insuficientes para a região e ainda serviços de melhorias em épocas de colheita, sendo necessário um melhor planejamento neste sentido”, pontua Agnaldo, que irá novamente contatar a companhia. “Eles têm a ciência de toda essa dificuldade e precisamos cobrar para que haja mudanças. Estamos iniciando a colheita de uma safra que já será menor, tendo em vista que muitas lavouras não se desenvolveram como era o esperado em virtude das condições climáticas, portanto, os fumicultores não conseguem suportar mais prejuízos, caso contrário, terão que buscar outras fontes de receita, talvez até em outros ramos longe da agricultura”, concluiu.
Copel – A redação de O Regional entrou em contato com a assessoria de imprensa da Copel, que até o fechamento desta edição não emitiu posicionamento.
Comércio tem prejuízos – As quedas de energia também foram criticadas nesta semana durante sessão da câmara de vereadores de Quitandinha. Segundo relato dos legisladores, a insuficiência do serviço é antiga e as melhorias anunciadas pela Copel em reuniões anteriores não surtiram efeito. Ainda de acordo com os edis, os comerciantes estão sofrendo prejuízos com o longo período sem eletricidade e em alguns casos até não podendo trabalhar.