O final do ano marca a formatura de milhares de novos profissionais no ensino superior, e aqui começa um caminho de desafios, mas a transição da universidade para o mercado de trabalho está longe de ser automática.
Segundo Karina Pelanda, gestora de recrutamento e seleção da RH NOSSA, os recém-formados chegam ao mercado e encontram um funil profissional em que há um volume de diplomas maior do que a demanda de vagas em áreas específicas:
“A principal barreira, é o descompasso estrutural entre o perfil dos formandos e as necessidades reais das empresas. O mercado não consegue absorver esse volume massivo e simultâneo de administradores, advogados ou engenheiros entre outras formações”, alerta Pelanda.
Historicamente, o Brasil concentra a grande maioria dos seus estudantes de graduação em um grupo seleto de cursos, como Administração, Direito, Engenharia e áreas da Saúde. O curso de Administração, por exemplo, chega a representar quase um terço dos concluintes anuais.
Outro obstáculo crítico apontado pela RH NOSSA é a chamada “barreira da experiência”. Muitos estudantes, especialmente de instituições privadas, precisam trabalhar em empregos de meio período ou período integral, muitas vezes em áreas como telemarketing ou varejo, para custear as mensalidades.
“Esse aluno-trabalhador, muitas vezes, não consegue realizar os estágios obrigatórios da sua área de formação. Quando ele se forma, possui o diploma, mas não tem a experiência prática que 90% das vagas efetivas exigem”, explica Karina.
Para a especialista, é importante que tanto os candidatos busquem formação externa, quanto empresas se abram para os formandos sem experiência. A busca por especializações, cursos livres e o desenvolvimento de soft skills (habilidades comportamentais) tornam-se tão ou mais importantes que a própria graduação para garantir uma colocação efetiva na área desejada.

