O Brasil vive um momento bastante atípico em se tratando da disputa eleitoral pela presidência da república. Pode-se dizer que desde a eleição do ex-presidente Fernando Collor nunca aconteceu da existência de tantos pré-candidatos com chances reais de chegar ao segundo turno e vencer o pleito. A mais recente pesquisa divulgada (DataPoder360) mostra que há pelo menos seis pretendentes com chances reais e ainda traz um dado muito importante, o “não voto”. A grande maioria da população brasileira está disposta a não escolher nenhum candidato.
Esse atual cenário do “não voto” é que torna a disputa nacional ainda mais indefinida, pois se uma pequena parcela desse público resolver ir às urnas todas as simulações e amostragens existentes poderão vir a baixo. Porém, essa questão de votos brancos e nulos e as abstenções estão sendo uma tendência nas disputas eleitorais mais recentes no Brasil. No ano passado, por exemplo, na eleição tampão para governador em Amazonas o “não voto” ficou perto de 40%. E neste ano, em junho último, na eleição suplementar para governador em Tocantins, a taxa de “não voto” foi de surpreendentes 52%. Ou seja, mais da metade dos eleitores simplesmente não votaram em ninguém.
Na pesquisa do DataPoder360 divulgada nesta semana o deputado Jair Bolsonaro (18%) continua liderando, seguido de Ciro Gomes (12%), Marina Silva (7%), Geraldo Alckmin (7%), Fernando Haddad (5%) e Álvaro Dias (4%). Novamente, o grande destaque é o não voto, que oscila de 40% a 42%. Muitos imaginam que com o início da campanha eleitoral e dos programas no rádio e na televisão, esse percentual de eleitores pretensos a abrir mão do voto vai diminuir. Se isso realmente acontecer, poderá ser essa parcela de eleitores os responsáveis pela definição do novo presidente do país.
Essa grande porcentagem de eleitores do “não voto” é o grande desafio de todos os presidenciáveis. De alguma forma, eles acreditam que podem ganhar parcela desse público e com isso aumentar suas chances de uma disputa no segundo turno da eleição majoritária. A questão é; como ganhar esse eleitor e convencê-lo a pegar seu documento e ir até a urna no dia 3 de outubro.
Hoje temos pelo menos 15 candidatos que estão pontuando nas principais pesquisas eleitorais para a presidência da República, mas é provável que nem todos passem das convenções partidárias com suas candidaturas confirmadas. Os partidos considerados do Centro ainda trabalham por uma unificação. E na Esquerda há também expectativa de coligação. São fatores que podem influenciar em novos cenários do pleito nacional, mas certamente não com o mesmo peso que mudança do “não voto” pelo “voto”.
A pesquisa do DataPoder360 foi realizada de 25 a 29 de junho. Foram entrevistadas 5.500 pessoas com 16 anos ou mais em 229 cidades em todas as regiões do país. A margem de erro considerada é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. E o número de registro desta pesquisa na Justiça Eleitoral é BR-05297/2018.
A eleição de 2018 tem ainda alguns bons capítulos, e todos com fortes emoções.
Gilson Santos – Jornalista e Pós-Graduado em Ciências Políticas