domingo, 19
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maio
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2024

Dia dos pais também é de recordar a memória dos filhos que já partiram

Adriano Siqueira manteve os desenhos feitos pelo filho Franklin em um cômodo. Foto: Arquivo/O RegionalO dia dos pais, celebrado neste domingo, é uma data marcada pela expressão de amor, carinho e gratidão por aqueles que são exemplos de dedicação à família. Para tantos outros pais, este é um dia em que a saudade aperta por não terem seus filhos ao seu lado. A reportagem deste semanário traz o relato e a reflexão de quem dia após dia tenta vencer a ausência deixada por um filho.

O jovem pienense Franklin Willian Siqueira tinha apenas 18 anos quando sofreu um grave acidente de trânsito e acabou falecendo, após dez dias de internação. O pai, Adriano Siqueira, assim como tantos outros que passaram por alguma situação semelhante, buscou não culpar alguém ou apontar uma causa pelo ocorrido. “Foi uma fatalidade. Porque se você procura um culpado ou uma razão, a gente fica revoltado com Deus”, conta Siqueira, detalhando que sempre houve a esperança de que seu filho pudesse se recuperar. “Quando eu recebi a notícia que ele tinha sofrido um acidente, eu pensei que ele estava machucado, mas nunca imaginei o pior. Quando fui ver ele no hospital, no primeiro atendimento percebi que a situação era bem grave, porém, com aquele instinto de pai, de mãe e a fé, de que o pior não vai acontecer. Nós acreditamos até no último instante que ele iria superar”, detalha. Para Siqueira, que é pai de outros dois filhos, a ausência de Franklin é insubstituível. “Superar é difícil. Você sempre vai ter o sentimento de perda, vai almoçar e imagina que seu filho vai sentar também na mesa, vai passear e imagina que ele poderia estar junto. Não sei dizer como é conviver sem ele, porque ainda é algo bem confuso”, considera o pai, apontando ainda que, apesar da fatalidade vivenciada, a situação estimulou uma reflexão sobre as prioridades da vida e a união entre pais e filhos. “Vale para quem é pai e para quem pretende ser, analisar sobre o que é relevante para os filhos. O importante é viver cada dia com eles prioritariamente, saber o que estão sentindo, o que querem fazer da vida e compreender os filhos”, finaliza.

Beto Ançay se apega às boas lembranças dos momentos com o filho Ramon. Foto: DivulgaçãoDor semelhante vive o mandiritubense Beto Ançay, com a perda do filho Ramon, aos 23 anos, em um acidente de caminhão em 2016. “Desde pequeno ele me acompanhava nas viagens e a vida dele era estar viajando. Na noite do acidente, falei com ele horas antes e ele me disse que retornaria a ligação em seguida. Com a sua demora em dar notícias, eu pressenti que algo tinha acontecido e pedi a amigos caminhoneiros para verificarem o que tinha acontecido”, recorda Beto, que passou mal após receber a confirmação da morte. “Fiquei sem chão, paralisado e sem saber o que fazer. Estava em viagem com o caminhão em São Paulo e tive que retornar para Mandirituba, com uma dor enorme em meu coração. Todas as vezes que passo pelo local do acidente, rezo e peço que Deus cuide dele”, fala emocionado. Com a perda do filho, Beto conta que as datas festivas como Natal e dia dos pais são extremante dolorosas. “É um sentimento indescritível, que somente quem é pai e mãe sabe descrever. Felizmente, eu aproveitei ao máximo o meu filho, ele foi um rapaz muito querido por todos, carinhoso com a família, entre tantas outras qualidades”, conta, deixando um recado aos pais. “Hoje tudo que faço é pelos meus outros filhos, quero que eles tenham orgulho do pai que têm, assim como eu tenho dos meus pais. Falta mais diálogo, saber conversar e aconselhar, por isso, oriento a todos que valorizem cada segundo com seus filhos”, enfatizou.

Quem também relata o drama de não ter mais a presença do filho é Carlito Pinheiro, que mora na comunidade de Xaxim, em Tijucas do Sul. Aos 73 anos, ele está no seu terceiro casamento e como pai disse que já viveu grandes momentos. “Alegria sem tamanho quando eles nascem, quando estão na escola, quando estamos fazendo algo juntos. Triste demais quando os perdemos”, conta Carlito, que no início deste ano perdeu um filho com problemas no pâncreas. “São cavacos da vida, acontecimentos que temos apenas que nos manter firmes em Deus e aceitar. O natural é o filho enterrar o pai, eu infelizmente, já perdi dois”, descreveu Carlito, relembrando que perdeu primeiramente uma filha há mais de 50 anos.

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