No dia do Farmacêutico, que foi comemorado na última segunda-feira, o que ganhou repercussão na mídia nacional foi a conscientização contra a automedicação. Profissionais de todo o país manifestaram sua opinião em relação aos riscos de intoxicação medicamentosa e deixaram claro que medicamentos só devem ser usados através de prescrição médica ou pela indicação de um farmacêutico.
Em uma ação fictícia de marketing de um medicamento, um grupo de farmacêuticos realizou no ano passado uma pesquisa, analisando a reação das pessoas em receber em praça pública um medicamento doado. Os resultados são alarmantes: 85% das pessoas que receberam o remédio falso não perguntaram nada. Do total, 14,96% perguntaram para quê servia, menos de 1% questionou se havia contraindicação e efeitos colaterais e só 0,35% perguntaram sobre o fabricante.
Segundo o Conselho Federal de Farmácias, nos últimos cinco anos o Brasil registrou quase 60 mil internações por intoxicação medicamentosa. A farmacêutica Ana Claudia Zaclikevisc, de Tijucas do Sul, acredita que alguns fatores contribuem para a automedicação. “A dificuldade de acesso à saúde pública faz muitas pessoas tomarem medidas por conta própria. Outros são resistentes e se desviam da orientação, acreditando no resultado que um vizinho ou amigo teve quando tomou aquela medicação, o que não é correto”, enfatizou.
Para a farmacêutica Annie Ciupka, de Piên, a validade dos produtos também deve ser observada. “Embora tenha longa validade, é necessário ficar atento neste detalhe”, descreveu. Formada há dois anos, ela relata que na faculdade os alunos de farmácia recebem pouca orientação sobre este assunto. “É algo que no dia-a-dia temos que observar”, disse.
Laércio Bueno dos Santos, que também é farmacêutico em Piên, diz que existe um costume antigo das pessoas sentirem um pequeno mal estar e tomarem remédios por conta própria. “Só depois que vê que não melhorou vai atrás de uma orientação, uma prática que deve ser corrigida”, acrescenta. O Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas informou que os medicamentos ocupam a primeira posição entre os três principais agentes causadores de intoxicações em seres humanos, desde 1996.