Mais uma semana e a estiagem já virando seca em nossas vidas. Estes eventos climáticos de impactos distintos têm ocorrido com uma frequência acima do normal. Enquanto na estiagem observamos a ausência de chuvas, previstas para uma determinada temporada, na seca temos a sua manifestação de forma crônica. Embora eu tenha escrito em outras colunas sobre a importância das árvores neste processo nunca é exagero reforçarmos este papel.
Nas áreas urbanas devemos trabalhar deste tema com a confecção de Planos Municipais de Arborização Urbana. Verificar quais são e qual a quantidade de árvores para planejar o seu manejo. Fatores como o tipo de enraizamento pode ser fundamental para a escolha das espécies. Árvore errada no lugar errado só pode causar problema. Aproveito para dar uma dica para quem ainda acha que a gestão do Meio Ambiente pouco interfere em outras áreas da administração pública. Árvores disputando espaço com a iluminação pública geram áreas de penumbra que tem ligação direta com os índices de criminalidade. Precisamos de planejamento integrado entre as secretarias de obras, urbanismo e meio ambiente para que situações como esta não ocorram.
Já nas áreas rurais o diálogo deve ser estabelecido entre o agronegócio e quem realiza os trabalhos ambientais. Já existem por força de lei as Áreas de Preservação Permanentes, as famosas APP´s. Estas áreas são o espaço medido a partir da beira dos rios que deve obrigatoriamente ser preservado e, caso tenha sido impactado, recuperado. A sua área mínima é de 30 metros podendo, em caso de regularização fundiária, ser reduzido em 50% caso não haja risco ambiental. As APP´s evitam o assoreamento e servem de filtro dos rios, atuam como área de transição para a fauna, auxiliam na manutenção da qualidade hídrica e garantem a qualidade ambiental da região.
Mas e a crise hídrica? Reafirmo que tem ligação direta com o desmatamento ilegal e com as queimadas. Enquanto não tivermos políticas públicas efetivas para evitar estes crimes continuaremos sofrendo com a falta de água. Logo teremos no sul do Brasil pessoas mudando de cidade devido a falta de água. Vamos rever o grau de importância das coisas. Cuidar da vida é da nossa natureza!
E aí?
Por: Raphael Rolim de Moura – Biólogo, Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental, Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Professor universitário e atualmente ocupa Diretoria na Comec