sábado, 23
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novembro
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2024

Brejo Santo, onde o IDEB saltou de 3 para 9 pontos

Quem não viu a matéria sobre a cidade de Brejo Santo no Globo Rural do último domingo, principalmente quem é da área da educação, deveria ver. O pequeno município do sertão do Ceará vive uma revolução na área educacional. É um exemplo a ser seguido e nos remete a indagar as cidades da região sobre o porquê dos nossos resultados não serem semelhantes.

Com dois lemas “O brincar que leva ao aprender” e “A participação que constrói um novo ensinar” todas as escolas de Brejo Santo iniciaram um processo de reestruturação a partir de 2009, entre as quais o fim das aulas multisseriadas, que mantinham em uma mesma sala alunos de diferentes idades e séries e que faziam o professor se desdobrar, um maior número de reuniões de pais e mestres e com mais freqüência, fortalecendo o envolvimento das famílias, a melhoria da qualidade do transporte dos alunos, e também da merenda servida na rede pública de ensino.

Esse novo processo de educação no pobre município de Brejo Santo, que foi resultado de trabalho coletivo, deu tão certo e teve sua eficácia comprovada com a divulgação ano a ano do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o IDEB, que passou de 4,7 para 7,2 no ensino fundamental 1, e de 3,1 para 9,2 no ensino infantil.

Somando os alunos do ensino infantil e fundamental 1 e 2, Brejo Santo tem hoje 7.420 crianças matriculadas, tanto na zona urbana, quanto na zona rural.

Para alcançar todas essas conquistas, a secretária de Educação do município, Jacqueline Mendes, revela o que foi preciso fazer: “Não teve segredo, nem pulo do gato. A própria lei que rege a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nos dá caminhos para fazer uma boa educação. O que compete aos municípios é fazer essa lição. Lá tem universalizar a matrícula, reduzir o terço da jornada do professor, tem formação de professores. Assegurar os 200 dias letivos e 800 horas aulas para o aluno é fundamental”.

Jacqueline fala sobre o tempo para as mudanças acontecerem: “Eu acho que para que haja um resultado expressivo, no sentido de estar naquilo que a gente desejaria que estivesse, pode ser realmente que leve décadas, gerações. Mas para que você tenha um resultado que possa perceber, ser percebido, não precisa de tanto tempo. Hoje a escola Maria Leite está maravilhosa para o que ela era antes. Mas teve que ter dinheiro também. O professor de Brejo Santo com 40 horas ganha aproximadamente R$ 4.060”.

O valor corresponde ao piso salarial e está acima da remuneração média mensal do professor de escola pública no restante do Brasil, que é de R$ 2.455. Brejo Santo oferece, ainda, gratificações que podem aumentar o ganho do docente. Um dos exemplos é o 14º salário, que o município se compromete a pagar caso a escola tire nota 10 no sistema anual de avaliação do estado do Ceará.

Enfim, está aí mais uma prova de um Brasil que dá certo, não importando geograficamente onde a cidade e as pessoas estejam. E, acima de tudo, dinheiro público investido com qualidade e justiça.

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