Faltando pouco mais de seis meses para a eleição deste ano, uma pesquisa do instituto Ibope feita entre 7 e 10 de dezembro em 127 municípios brasileiros com 2 mil pessoas mostra a perspectiva dos eleitores em relação à disputa presidencial. A sondagem foi encomendada e divulgada nesta semana pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Segundo nota da CNI, entre os brasileiros, 44% se dizem pessimistas em relação à eleição presidencial de 2018. Os que se dizem otimistas são 20%. Praticamente metade da população (48%) não manifesta preferência ou simpatia por nenhum partido específico e 72% concordam totalmente ou em parte que votam no candidato que gostam, independentemente do partido em que ele esteja. Entre as características mais mencionadas como muito importantes para um candidato à Presidência da República, se destacam: ser honesto, não mentir em campanha (87%), nunca ter se envolvido em casos de corrupção (84%) e transmitir confiança (82%).
O fato de apenas 20% dos eleitores se mostrarem otimista com a eleição presidencial tem relação direta com os frequentes escândalos de corrupção na política brasileira. Para o jornalista Gilson Santos, que acompanha o cenário político nacional, o eleitor perdeu a confiança nos políticos e mesmo quando há boas opções de candidatos existe uma certa dúvida. “As pessoas não acreditam que elegendo alguém suas vidas podem ter alguma mudança positiva. Infelizmente, são os próprios políticos, não generalizando, culpados por esse sentimento popular”, explica Santos.
Outro dado interessante da pesquisa é o apontamento do eleitor na preferência do candidato a presidente independente do partido. Segundo Gilson Santos, esse é um dado que mostra a perda da importância das siglas. “O candidato precisa do partido hoje mais por conta do tempo de televisão e do fundo partidário do que da identidade eleitoral com a população. O maior exemplo disso na atualidade é o Jair Bolsonaro, que foi de um partido para o outro e em nada alterou sua preferência nas pesquisas”, completou.
A afirmação de que 87% dos brasileiros querem um presidente honesto é vista de forma positiva por Gilson Santos, mas com um importante alerta. “Querer um governo honesto é algo comum numa sociedade civilizada, mas o eleitor vai realmente se informar sobre os candidatos e fará vigia dos seus mandatos? Essa é uma questão fundamental. As pessoas querem, mas a grande maioria não faz o mínimo necessário para que essa vontade se concretize”, destacou.