Intitulada ‘Sangue Sobre [T]ela’, obra conta com a participação de 26 autoras de todo o Brasil, sendo seis da cidade da Lapa
Poemas, prosas e ilustrações. Essas são as composições do ‘Sangue Sobre [T]ela’, uma coletânea organizada pela lapeana Ná Silva com o material de 26 autoras fazendo uma narrativa sobre a violência de gênero e a luta das mulheres por seus direitos.
O livro teve a organização do Coletivo Vozes Escarlate, com núcleo principal da cidade da Lapa, reunindo seis autoras, além da participação do Coletivo Mariana, de Curitiba, e Coletivo Oceânicas, de Paranaguá. Ao todo, são 24 autoras do Paraná, duas do Rio de Janeiro, uma de São Paulo e uma do Rio Grande do Norte.
Editora, escritora e responsável pela diagramação da obra, Andréia Carvalho Gavita conta que o livro tem a missão de ampliar o debate para a luta da mulher por seus direitos e, principalmente, fomentar o enfrentamento a qualquer tipo de violação e violência. “A autora que não se manifestou por meio de texto, colaborou com as ilustrações. Acredito que todas, incluindo-me, temos um histórico de violência doméstica ou de silenciamento, o que une todas as mulheres. Temos autoras que abordam a questão da violência racial e a violência de classe, feita em um depoimento por uma autora que é agricultura e motorista. Todas as autoras, sem exceção, atravessaram em algum momento essa questão da violência e exigem seus direitos”, comenta.
Segundo Andréia, a obra também permite ao público feminino fortalecer sua presença na literatura, rebatendo críticas e questionamentos sobre que ela está falando. “Hoje, as mulheres reivindicam seu espaço de fala e a maioria dos textos aqui [livro], além da dor, tem uma pegada irônica, que é pra evidenciar o que elas querem. Só o fato de estarmos aqui, colocando todas essas vozes dentro de um livro, já é um ato revolucionário, mostrando ao leitor o que observamos, o que sofremos e o que queremos”, complementa.
Por fim, a autora enaltece a expectativa pelo lançamento da obra e a propagação da mensagem de apoio às mulheres que ainda são vítimas de algum tipo de agressão. “A publicação do livro é uma coragem, para romper com os cânones da literatura e os paradigmas de deixar aquela dor dentro da gaveta, sem falar para ninguém. Outra coisa interessante é que antigamente as mulheres usavam pseudônimos e nesta publicação não há nenhum. Logo teremos o lançamento do livro, que está em processo de impressão, e já estamos fazendo a pré-venda no site da editora Donizela. Como tivemos o envolvimento de autoras de todo o país, mas com o núcleo principal na Lapa, faremos o primeiro lançamento nesta cidade, nos próximos meses”, conclui.
Autoras
- Adriana Tozzi (Curitiba)
- Aline Dellaqua (Curitiba)
- Andréia Carvalho Gavita (Curitiba)
- Danielle Rech (Curitiba)
- Débora Bacchi (Curitiba)
- Elciana Goedert (Curitiba)
- Francine Cruz (Curitiba)
- Jenny Anginski (Curitiba)
- Ji Negrão (Curitiba)
- Lívia Uhlmann (Curitiba)
- Margleyse Adriana dos Santos (Curitiba)
- Rôsangela Castro Garcia (Curitiba)
- Shirley Pinheiro (Curitiba)
- Vanessa Porto (Curitiba)
- Adriana da Silva Alexandre Felipe (Lapa)
- Eliane Brunhera (Lapa)
- Ná Silva (Lapa)
- Nádia Burda (Lapa)
- Neysi Oliveira (Lapa)
- Jurema Araújo (Rio de Janeiro)
- Juliana Bertoti (Natal/RN)
- Lucilaine Reis (Niterói/RJ)
- Rosana Barroso Miranda (Paranaguá)
- Emily Nayane Blum (Ponta Grossa)
- Letícia Kossatz (Ponta Grossa)
- Sandra Andréia Ferreira (Ponta Grossa) revisora
- Simone Nasar (Campo Limpo Paulista/SP)