quarta-feira, 2
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abril
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2025

As redes sociais e o muro da renovação

Muito tem se falado que cada vez mais as redes sociais farão diferença nas eleições. Esse já foi um discurso muito usado em 2014 e 2016, e novamente vem ganhando espaço nos debates políticos. No entanto, é possível fazer algumas contestações se observamos ao nosso redor a diferença existente entre candidatos com bom desempenho na internet e que não repetem o mesmo êxito nas urnas e pesquisas atuais. Enquanto que muitos políticos sem presença significativa no mundo virtual são bem sucedidos na contagem dos votos.

Trazendo essa questão para a realidade local podemos afirmar que o eleitor continua votando com base nas indicações pessoais e na associação com algo que o candidato tenha feito por ele, pela sua família, seu bairro, sua cidade e por aí vai, nesta ordem. Poucos são os eleitores que analisam as propostas e vidas dos candidatos na internet. Inclusive, há um fato curioso, candidatos com muitos problemas acabam por não se expor nas redes sociais, como uma forma de evitar questionamentos, críticas e ataques. Mesmo assim, se saem bem nas urnas.

As redes sociais poderiam ser grandes aliadas da tão almejada renovação política, mas para isso o eleitor precisa ter disposição e interesse em conhecer os políticos e suas trajetórias. Vejamos exemplos práticos do que está prestes a acontecer neste ano, teremos vários parlamentares que estão sendo investigados por desvios de recursos se apresentando novamente como candidatos e certamente terão votos em nossas cidades.

Por que o eleitor da região vai votar em um candidato que está sendo investigado por desvio de dinheiro da construção de escolas? Ou pela contratação de funcionário fantasma na Assembleia Legislativa? Ou pelo recebimento de propina? Não temos essas respostas, mas certamente isso vai acontecer.

Prefeitos, vereadores, e demais lideranças políticas locais também vão pedir votos para candidatos com pendências na Justiça. Muitos desses que já estão ocupando mandatos políticos por vários anos. Por isso, também, é que não conseguimos a tão sonhada renovação política. Infelizmente a manutenção do poder se tornou algo cada vez mais desejado no Brasil, a qualquer preço, custe o que custar.

Sem renovação, não se oxigena esse ambiente tão questionável em nosso país, e a população, que é a principal responsável, acaba esmorecendo e até desistindo. A principal demonstração dessa desistência está no número expressivo de abstenções e votos brancos e nulos nas eleições mais recentes. E cada vez que o eleitor deixa de fazer a sua escolha, alguém, bom ou ruim, está escolhendo por ele.

As redes sociais no Brasil ainda estão distantes de fazer grande diferença e a renovação política parece bater de frente com um muro intransponível.

Curiosamente, nesta última terça-feira, a jovem nova-iorquina Alexandria Ocasio-Cortes, de 28 anos, venceu o deputado Joe Crowley, de 56 anos, na disputa das primárias que definem os candidatos para a eleição legislativa dos Estados Unidos em novembro. Alexandria é garçonete de um bar na cidade e venceu um tradicional político democrata de Nova York.

Se copiamos tantas coisas dos países de primeiro mundo, inclusive dos americanos, porque não copiamos também essa postura de aposta e voto de confiança em novos nomes, novos pensamentos e novas posturas?

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