Gabriela Rudnick, da Estufa Cultural, representou o município no evento realizado em Brasília, entre os dias 4 e 8 de março
Com o lema ‘Democracia e Direito à Cultura’, aconteceu em Brasília, entre os dias 4 e 8 de março, a 4ª Conferência Nacional da Cultura. O evento reuniu cerca de 1,2 mil delegados e delegadas dos 27 estados mais o Distrito Federal, abordando propostas para a elaboração do Plano Nacional da Cultura, que orientará as políticas públicas de fomento à cultura nos próximos 10 anos no país.
O município de Piên foi representado pela ceramista e artista pienense Gabriela Rudnick, da Estufa Cultural, que participou do evento na condição de delegada da cultura, com a viagem financiada pelo Governo Federal por ter sido eleita para a representação nas conferências nas etapas regional, no município de Lapa, e estadual, em Foz do Iguaçu.
Na oportunidade, Gabriela defendeu como pauta principal a atenção efetiva para a produção de arte e cultura no campo. “Piên e região contam com muitos artistas e fazedores de cultura de qualidade inquestionável, nas mais diversas formas de manifestação artística e cultural. Homens e mulheres, crianças, jovens e adultos que produzem música, artesanato, literatura, teatro, artes visuais, moda, cinema e audiovisual, contação de histórias, arte-educação e muito mais. Além de alimento, o campo também produz arte e cultura, e isso precisa ser reconhecido”, diz.
De acordo com a ceramista, a maior parte do financiamento público federal e estadual para a arte e a cultura é destinado para os grandes centros urbanos, enquanto o campo fica com uma parcela muito pequena desses investimentos. “Essa desigualdade na distribuição impacta diretamente a produção artística e cultural em cidades campesinas”, avalia.
No intuito de levar para Brasília as demandas dos fazedores e fazedoras de cultura do campo, Gabriela participou de dois Eixos de debate e elaboração de propostas, sendo o Eixo 6 – Direito às Artes e o Eixo 2 – Democratização do Acesso à Cultura e Participação Social no qual a artista pienense defendeu que a arte não deve ser privilégio apenas de artistas que residem e atuam nas capitais ou grandes cidades, mas que as políticas de fomento às artes devem reconhecer os artistas do campo. Já no Eixo 2, Gabriela colaborou na elaboração de propostas que tinham como princípio a promoção da participação efetiva dos cidadãos na elaboração e implementação das políticas públicas de fomento à cultura.
Gabriela lembra que no ano de 2023, teve início em Piên a implementação da Lei Paulo Gustavo, uma política de financiamento à cultura que buscou descentralizar o fomento e incentivar a participação civil no processo de elaboração e implementação dos editais. “O processo encontrou muitos obstáculos, e a verba ainda não foi repassada aos fazedores de cultura do município. Ocorreram muitos acertos ao longo do caminho, como a adesão e participação dos artistas de Piên nas audiências públicas, apresentando excelentes ideias de projetos culturais para o município. Mas ficou evidente que precisamos avançar na melhoria do diálogo entre sociedade civil e governo para aprimorar a democratização do acesso à cultura”, reconhece.
A ceramista detalha ainda que na Conferência Nacional muito foi falado sobre a Lei Aldir Blanc de fomento à cultura. “A Política Nacional Aldir Blanc fará investimentos anuais em Piên, com verba federal, nos próximos cinco anos, especificamente para o fomento da cultura dos artistas do município. Com o planejamento adequado, elaborado com a participação dos artistas e fazedores de cultura de Piên, essa política tem o potencial de revolucionar o cenário da produção cultural pienense, pois é certeza de que haverá investimento direito na área para os próximos cinco anos”, comenta.
Por fim, Gabriela destaca o orgulho de ter representado o município em um evento nacional de tamanha importância, com a possibilidade de levar o nome de Piên e falar sobre a riqueza da produção artística e cultural da cidade para autoridades do ramo, além de tecer uma rede de contatos com pessoas interessadas em fortalecer a cultura que é feita no campo. “Já estamos conversando com o Comitê Estadual de Cultura do Paraná para costurarmos um evento cultural com a 3ª Festa da Semente Crioula de Piên, que deve ocorrer no início do segundo semestre deste ano. Ainda não é possível dar detalhes, mas certamente vem algo muito bom com essa articulação, já que a arte campesina tem tudo a ver com agricultura familiar, agroecologia e a defesa do meio ambiente”, conclui.
Outra representante local no evento foi Emariely Ramos.