Quando a sociedade parece ter acordado para a importância de preservarmos o que ainda temos de vegetação surgem fatos para trazer a descrença no ser humano. Recentemente, observamos a discussão sobre a restinga em nosso litoral. Primeiramente, vamos trazer a definição de restinga que nada mais é do que uma formação vegetal próxima ao mar em bancos de areia composta principalmente por plantas arbustivas e herbáceas. Os arbustos parecem muito com as árvores comuns, mas apresentam inúmeras ramificações atingindo no máximo 6 metros de altura. Já as herbáceas possuem o caule fino sem casca e também não atingem muita altura.
Entendendo agora do que se trata este tipo de vegetação, precisamos também compreender que uma das principais funções da restinga é a de evitar a erosão das praias fixando areia e dunas. Este manejo deve ser realizado de tal forma que este ecossistema, integrante do Bioma Mata Atlântica, mantenha a sua vitalidade e função ecológica. Vemos então que não é difícil a percepção do quão importante é os municípios agraciados com esta vegetação realizarem planos de manejo para estas áreas. Aí temos então um problema.
Primeiro porque poucos municípios possuem em seus quadros de servidores, profissionais capacitados para realizarem esta análise da vegetação. Ao mesmo tempo, a falta do manejo destas áreas pode acarretar uma série de problemas de saúde e segurança pública. Os resíduos sólidos deixados por indivíduos que acabam pernoitando entre a vegetação podem acabar se tornando locais propícios para a reprodução do mosquito da dengue assim como esconderijo para bandidos.
Como solucionar isso? As prefeituras devem realizar a limpeza dos locais e agir com as forças de segurança pública e assistência social para que crimes não ocorram nestes locais. O que não podemos é imaginar que realizando a retirada desta vegetação resolveremos estes problemas. Se o rapaz chega em casa e verifica um defeito no telhado ele não, necessariamente, tem que colocar a sua casa toda a baixo.
Por: Raphael Rolim de Moura – Biólogo, Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental, Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Professor universitário e atualmente ocupa Diretoria na Comec