Em homenagem ao Dia das Mães, um reflexo sobre o universo da maternidade, com as mudanças, descobertas e aprendizados, na vida das mães de primeira viagem
Imagine um livro em branco, pronto para receber em suas páginas uma história, que vai ser escrita dia após dia. Pode ser um romance, um conto, uma bela poesia. Com essa metáfora, buscamos ilustrar a maternidade.
São nove (longos) meses esperando a chegada de um ser que é amado desde o primeiro momento da descoberta de sua existência. E, de repente, um chorinho novo invade sua casa, trazendo um misto de emoções. A maternidade é um dos momentos mais sonhados na vida de muitas mulheres, trazendo as mudanças, aprendizados, descobertas e desafios, principalmente para as mamães de primeira viagem.
Foi no dia 26 de março de 2024 que o pequeno Benício chegou ao mundo, marcando também o ‘nascimento’ da mamãe Giovanna Mendes Brunnquell. Com um olhar atento e todo o cuidado com o filho, Gio compartilha as sensações experimentadas com o universo da maternidade. “Até então, estava só gestando e a partir do momento que ele nasce, vem um turbilhão de emoções e situações, como amamentação, os cuidados com o bebê, a privação do sono. Então, até se encontrar neste novo papel [de mãe] acaba sendo um grande desafio, e sem se perder dos outros de mulher, filha, esposa e profissional”, comenta.
Com uma rotina agitada e sempre repleta de tarefas para desempenhar, Giovanna aponta que a chegada do bebê faz colocar o ‘pé no freio’, direcionando as atenções às necessidades do pequeno e a permitindo uma adaptação nos hábitos. “Entre tantos aprendizados, porque a cada dia é uma novidade e se vê em uma nova situação, estou aprendendo a não me cobrar tanto. Eu era uma pessoa que tinha uma rotina bem corrida e a partir do momento que se tem um bebê, muda totalmente. Você tem que saber que não vai sair naquele horário, tomar banho ou comer no horário que estava acostumada”, relata.
Ao voltar o olhar para a nova missão, a jovem garante que um sentimento que transborda é o amor. “Sendo mãe, vejo que o amor é algo incondicional. A maternidade é algo que exige dedicação, amor, doação, com noites sem dormir, preocupações e anseios. Independente disso, essa entrega é transformadora. Há alguns dias eu ouvi a frase ‘é justo que muito custe o que muito vale’ e isso me provocou um reflexão de que ser mãe tem seus desafios, mas tem um valor imensurável e é algo muito valioso”, conclui.
Ao mergulhar em uma nova empreitada, repleta de surpresas, como muitas etapas na vida, exige também cuidados e apoio de todos a volta para que cada fase, seja ela mais fácil ou algo mais complexo, seja superada com zelo e de forma serena. É o que aborda a médica Bibiana Souza Waltrick, especialista em saúde da mulher.
Segundo a profissional, é diante de um cenário tão transformador, que surge a necessidade de acolher a mulher e formar uma rede de apoio para que possa dar todo o suporte para enfrentar um universo até então desconhecido. “O medo do desconhecido, a dúvida em relação ao ser mãe, a angústia das noites em claro. Tudo isso pode nos sobrecarregar e dificultar a conexão com nosso filho. Por isso, a rede de apoio é tão importante. É ela que vai ver qual a necessidade da mãe e ajudar. Muitas vezes, a mãe não quer ajuda com o filho e sim com as outras funções, como casa, trabalho, alimentação. Pedir ajuda não é sinal de fraqueza e sim de respeito com as suas limitações. Uma mãe cansada é uma mulher mais estressada, mais impaciente e que não consegue aproveitar a maternidade como ela pode e deve ser vivida”, comenta.
A profissional enaltece ainda que o puerpério, que se inicia logo após o nascimento do filho, é recheado de mudanças físicas, emocionais, hormonais e sociais, que podem deixar as mães mais vulneráveis emocionalmente. “Neste início, é muito comum que a mulher vivencie oscilações intensas no humor. Chamamos esse período de Baby Blues. Esse quadro pode ser identificado em 80% das puérperas. Os sintomas geralmente se iniciam nos primeiros dias após o nascimento do bebê, atingem um pico no quarto ou quinto dia do pós-parto e cessam de forma espontânea em no máximo duas semanas. É comum nesse período que a mulher manifeste choro fácil, mudanças de humor repentinas, irritabilidade e comportamento mais hostil com familiares e acompanhantes. Lembre-se, é um comportamento normal e esperado e não necessita de intervenção medicamentosa. Por isso a importância de manter suporte emocional adequado, compreensão e auxílio nos cuidados com o bebê”, detalha.
Bibiana reforça que cuidar da saúde materna é cuidar da família toda. “Uma mãe que recebe apoio consegue exercer melhor suas funções, cuidar de si mesma e aproveitar essa fase da vida que, mesmo repleta de tantas dificuldades, nos enche de amor e esperança. Se você é mãe e está passando por um momento difícil, peça ajuda! Que nesse dia das mães a gente reforce nossa autoconfiança e nosso amor. Ser mãe nos dá um grande motivo para seguir sempre em frente e sermos melhores a cada dia”, finaliza.