quinta-feira, 21
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2024

Micromobilidade – Um sonho que quase virou realidade

Por Gilson Santos – Diretor Presidente da Agência de Assuntos Metropolitanos do Governo do Paraná (AMEP)

No início de 2019, milhares de bicicletas e patinetes começaram a dominar nossas cidades. Tendo origem na cidade de São Paulo, passando por Rio de Janeiro e chegando a 13 capitais, as bicicletas e patinetes alugados por aplicativos caíram no gosto da população e viraram uma das maiores transformações de micromobilidade ocorridas no Brasil nos últimos anos, para não dizer a maior.

Infelizmente, na metade de 2020, devido diversos fatores que envolvem altos custos operacionais, falta de regulamentação ou até excessiva regulamentação, disputas de poder entre sócios e alguns erros estratégicos, a empresa fechou as portas e recolheu seus milhares de patinetes e bicicletas espalhados pelo país.

Independente dos fatores que culminaram para este resultado, é importante avaliarmos como este fato transformou a micromobilidade em nossas cidades, mesmo que por um curto período. E principalmente, avaliar se, com investimentos e incentivos, não poderíamos tornar estes modais mais atrativos e trazer, junto com eles, todos os benefícios que eles proporcionam.

Segundo a empresa, nos 12 primeiros meses de atuação somente na cidade de São Paulo, os usuários percorreram cerca de 6,9 milhões de quilômetros. Se essa distância fosse percorrida utilizando carros, seriam emitidas 1,37 mil toneladas de gás carbônico na atmosfera. O equivalente a uma floresta de 2,74 quilômetros quadrados sequestrando carbono durante um ano.

Além da questão ambiental, precisamos avaliar os outros fatores envolvidos. Uma população que pedala mais é obviamente mais saudável. As cidades se tornam mais habitáveis. Mais pessoas estão nas ruas, socializando e se movimentando. As ruas também as tornam mais seguras. E, por incrível que possa parecer, em muitos casos a bicicleta faz as pessoas perderem menos tempo no trânsito, chegando mais cedo em suas residências.

É interessante percebermos que quando incentivamos o automóvel, construindo largas ruas, viadutos, trincheiras e outras obras de artes que custam milhões de reais, incentivamos distâncias maiores. As pessoas moram cada vez mais longe, gastam mais tempo e consomem mais combustível.Mas quando incentivamos a micromobilidade, as pessoas passam a optar por locais mais próximos. Gastando menos tempo, menos combustível e principalmente menos dinheiro.

Por mais estranho que possa parecer, o engarrafamento nas cidades não se resolve ampliando ruas e sim tirando os carros da rua. E isso se faz criando alternativas que sejam melhores e mais atraentes do que o automóvel.

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