Nesta sexta-feira é comemorado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, um transtorno no desenvolvimento que afeta o cérebro de 70 milhões de pessoas do mundo inteiro. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 2007 e serve para mostrar a sociedade informações sobre a doença.
Não há dados específicos sobre o Transtorno de Espectro Autista (TEA), mas a ONU estima através de estudos, que existam no Brasil 2 milhões de autistas. No Paraná, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, não há dados oficiais que tenham essa informação, mas um cadastro voluntário que é feito no site da Secretaria Estadual de Saúde tem 618 pessoas cadastradas, portanto, não é considerado um número real. No estado, uma carteirinha do autismo é emitida pela Secretaria de Estado da Justiça.
A Organização Pan-Americana da Saúde ligada a Organização Mundial da Saúde estima que uma em cada 160 crianças tenham o transtorno de espectro autista. E, segundo a instituição, os transtornos começam na infância e tendem a durar até a adolescência e vida adulta. Embora algumas pessoas com transtorno do espectro do autismo possam viver de forma independente, outras têm acometimentos graves e requerem cuidados e apoio por toda a vida.
Intervenções como terapias comportamentais e treinamento de habilidades para pais, podem reduzir as dificuldades de comunicação e comportamento social. Tendo um impacto positivo no bem-estar e na qualidade de vida da pessoa. As pessoas com transtorno do espectro do autismo são frequentemente sujeitas a discriminação e violações dos direitos humanos. Em alguns casos, essas pessoas não têm acesso a serviços e suporte.
De acordo com estudos conduzidos nos últimos 50 anos, a incidência de TEA está aumentando. Existem muitas explicações possíveis para este aumento, incluindo maior consciência do assunto, expansão dos critérios de diagnóstico, melhores ferramentas de diagnóstico e melhores informações.
William Barbosa é pai do Matheus de nove anos. Barbosa conta que a sua esposa percebeu algumas coisas diferentes. Matheus teve um atraso na fala e fazia uma repetição de movimentos. Os pais procuraram um neuropediatra, que no primeiro momento negou que a criança tivesse alguma coisa.
O médico que atendeu a família solicitou um exame de eletroencefalograma. “O profissional despreparado achou que sairia alguma coisa no exame, ele disse que estava tudo normal”, afirma o pai. Sueli, a esposa de Willian ficou insatisfeita com o atendimento e procurou atendimento psicológico para o filho.
Ao fazer alguns atendimentos, os pais disseram a profissional que tinham o desejo de colocarem seu filho na escola. A psicóloga frustrou os pais e disse que seria tempo perdido. “Ela simplesmente olhou na nossa cara e falou: não façam isso. Não gastem dinheiro com isso, pois vão se frustrar. Quando ela falou isso, foi como jogar um balde de água fria em nós”, desabafa o pai.
Mesmo após desanimar os pais e os deixarem frustrados, a psicóloga os orientou que procurassem a Associação Mantenedora do Centro Integrado de Prevenção. “Lá fizeram uma avaliação multidisciplinar com psicólogo, com fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e neuropediatra”, comenta William.
Com três anos, o diagnóstico do Matheus saiu. “É como se fosse um quebra cabeça, a psicóloga dá o parecer dela, a fono dá o dela, cada profissional dá o seu parecer e a neurologista entrevista os pais, fechando o laudo da criança”.
Em Piên, a Associação de Amigos do Autista (AMA), localizada junto à sede da subprefeitura de Trigolândia, foi criada no ano de 2019. Segundo levantamento feito pelas voluntárias, em conjunto com a secretaria de Educação, atualmente 56 crianças de 0 a 17 anos são diagnosticadas com autismo na cidade.
A Associação é presidida por Adriana Damas, que junto com a voluntária Luciane Schroeder, buscam maneiras de auxiliar as crianças. Elas estão montando um espaço para atendimento pedagógico destas crianças. O espaço para a sede da associação foi cedido pela prefeitura e mobiliado com o auxílio de empresas locais, além de doação em valores feitas por pessoas da comunidade. “Fomos atrás de empresas e de pessoas para conseguir recursos. Com estes valores conseguimos montar um espaço confortável para receber os alunos”, diz a presidente.