Motivo de cuidado, amor, doação e de muita alegria. Estes são alguns dos adjetivos que resumem a figura das crianças no seio familiar. Na véspera do dia dedicado a elas, O Regional traz um assunto que, tristemente, vem se tornando cada vez mais comum em todo país e na região: a violência sexual em crianças.
Segundo registros do Ministério da Saúde, as notificações de violência sexual entre crianças de 1 e 14 anos vem aumentando de forma assustadora na região. Em 2015 e 2016, os municípios registraram 13 casos em cada um deles. No entanto, em 2017, este número mais do que dobrou e chegou a 33 ocorrências. Nestes três anos analisados, foram vítimas 22 crianças de 1 a 4 anos, tendo outros 17 registros em menores de 5 e 9 anos, e 20 casos entre 10 e 14 anos. Confira na tabela abaixo, o número de ocorrências relacionadas às crianças por município.
De acordo com o sargento Rudinilson Witt, comandante do destacamento da Polícia Militar de Quitandinha, em cerca de 70% dos casos o agressor é familiar da vítima. “Tem as ocorrências em que o criminoso se aproveita de uma oportunidade, mas, a grande maioria são pessoas que têm a confiança das crianças, sendo em situações mais graves até mesmo o próprio pai”, lamenta Witt, apresentando alguns sinais de alerta. “A criança geralmente é ameaçada e passa a evitar o violentador, fugir do contato, fica deprimida e chora bastante. Paralelo a isso, também acontece a queda de rendimento escolar e tende a ficar retraída do convívio social. Este ato é totalmente deplorável e deixa marcas profundas, praticado muitas vezes contra pessoas totalmente indefesas”, pontua.
Para a comandante do destacamento da Polícia Militar de Piên, Sargento Andreia, os pais devem procurar a polícia ou mesmo o Conselho Tutelar quando houver suspeita de abusos. “Primeiramente, deve-se ter um diálogo aberto com a criança, inclusive, orientando ela que ninguém pode, por exemplo, passar a mão nela ou mesmo obrigá-la a fazer algo neste sentido. Posteriormente, quando há a suspeita, a vítima é encaminhada para uma conversa com psicóloga e, dependendo o caso, passa por exames médicos”, detalha Andreia, salientando que este crime tem diversos agravantes, os quais variam conforme o grau de violência sofrida pela criança. “Outro ponto importante, em muitos casos a própria família acaba escondendo o abuso sofrido, podendo inclusive ser indiciada como co-autora. Desta forma, o criminoso tende a continuar os abusos contra a vítima e até mesmo contra outras crianças”, ressalta.
Em casos de suspeita de abusos, qualquer cidadão pode denunciar diretamente na Polícia Militar ou Civil, tendo também a possibilidade de repassar as informações anonimamente pelos números 181 e 190.