A cidade e a população de Piên vão conviver por muito tempo e provável por toda sua história com o fatídico caso que virou notícia nacional e percorreu todos os cantos do país. O assassinato do prefeito eleito Loir Dreveck e do técnico de segurança Genésio Almeida ganhou um novo capítulo nesta semana, quando um dos principais acusados falou publicamente após mais de um ano em silêncio.
Em entrevista a um canal de TV, numa sala devidamente preparada em algum lugar na capital do estado, o ex-prefeito Gilberto Dranka, que foi preso e depois liberado com monitoramento de tornozeleira eletrônica, declarou que é inocente, e foi além, se colocou como vítima. Nem todo mundo da cidade viu ou ouviu a entrevista, e dos poucos que tiveram conhecimento maioria acabou se manifestando através das redes sociais. O título desse texto, inclusive, é baseado no que acompanhamos através dos comentários que foram postados: A inteligência de uma cidade está sendo subestimada!
Voltando aos assassinatos em Piên, a grande maioria da população não se manifestou e nem vai se manifestar. E há uma razão para isso: o medo. No entanto, os moradores locais conhecem o histórico de todos os envolvidos e, por isso, cada um, dentro de si, já tem uma opinião formada. O que cada cidadão de Piên pensa e acredita sobre esse caso já está estabelecido. Não existirá depoimento, entrevista, contra-versão que mudarão a opinião já definida dos pienenses.
O assassinato de Loir Dreveck foi arquitetado com inúmeros componentes, há muitos detalhes, todos materializados na minuciosa investigação pela polícia especializada, e a execução era tão desejada que custou inclusive uma outra vida inocente, a do técnico de segurança Genésio Almeida. Existem muitas coisas envolvidas e que certamente um futuro breve poderá revelar. Lembrem-se que o Ministério Público vem investigando questões envolvendo a administração local e quem sabe essas investigações possam mostrar o porque do tamanho interesse pelo controle da gestão da cidade.
De qualquer forma, acreditamos que independente dos resultados nas instâncias jurídicas, no seu inconsciente a cidade já formou sua sentença pelos dois crimes. Mesmo que de forma silenciosa, a maioria absoluta da população tem noção da crueldade praticada contra duas vidas, duas famílias e a democracia local.
Portanto, não será esse texto, nem novas entrevistas, nem as postagens das redes sociais, e ousamos dizer que nem mesmo a decisão da Justiça, justa ou injusta, que mudará a opinião e a crença das pessoas de Piên sobre esse triste episódio. As famílias das vítimas e os acusados conviverão para o resto de suas vidas com a compaixão ou o julgamento de cada cidadão da cidade. Querer desafiar a inteligência dessas pessoas é loucura. A essa altura, com tudo que foi apurado e relatado, a cidade já fez seu julgamento. Os envolvidos terão a real percepção dessa sentença quando saírem as ruas ou comparecerem a qualquer evento público. Pode-se até enganar uma, duas ou três pessoas, mas não se engana uma cidade inteira.