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Prefeitos tem que decidir entre vidas ou política

Editorial: Redação 

O Paraná vive o momento mais dramático desde o início da pandemia em março do ano passado. Se muitos acreditavam que teríamos um 2021 mais confortável e esperançoso em relação ao ano anterior, o que se vivencia atualmente não é nada acalentador. Pelo contrário, virou preocupação generalizada e o eminente colapso no serviço público de saúde.

Enquanto não se tem vacina na medida e quantidade necessária e também não é realidade para as cidades locais a existência de leitos em Unidade de Terapia Intensiva – UTI, sendo que todas se valem da capital e outras cidades neste caso, o único “remédio”, ainda que preventivo, é a prática do isolamento social. Para isso, os prefeitos precisam decidir entre preservar vidas ou fazer política.

A questão é muito simples. Embora o Governo aplique medidas restritivas através de decretos estaduais, nem todos os municípios cumprem a risca o que é determinado. Comércios e serviços que deveriam seguir as regras desse período de semi-lockdown acabam funcionando e para não perder capital político ou entrar em atritos locais os prefeitos fazem vista grossa. São esses casos que contribuem para a circulação das pessoas e consequentemente a proliferação do vírus.

É fato que muitos setores sofrem com a pandemia e estão vendo suas receitas comprometidas, em alguns casos, até mesmo sua sobrevivência. Mas neste momento, o que tem maior peso é o cuidado com a saúde e a preservação da vida. O próprio governador Ratinho Junior chegou a dizer nesta semana que mais vale “a verdade que dói do que a mentira que conforta”, se referindo a necessidade de restringir a circulação e evitar o colapso na área da saúde.

Por mais penoso que seja para os dirigentes municipais restringir atividades em suas cidades, esse é um momento crucial e que atitudes impopulares são decisivas para evitar uma marca que pode manchar toda uma gestão. E não é mesmo uma tarefa fácil. Nos grandes centros os governantes conseguem manter uma certa distância da realidade cotidiana dos seus munícipes, já nas cidades menores, o comerciante que fica com a loja fechada ou o prestador de serviço que deve ficar em casa, são vizinhos, colegas de futebol, da igreja ou até amigos do prefeito, e essa proximidade deixa qualquer tomada de decisão ainda mais difícil.

Em todo esse contexto se o negacionismo estiver presente na linha de atuação de determinado gestor, aí o problema é ainda muito maior.

São ônus e bônus de quem está em cargo de direção e mantém poder de decisão. Neste momento da nossa história, em especial, essas decisões estão diretamente relacionadas com a vida das pessoas. E o tempo, entre outras coisas, é cruel, ele pune seja pela ação ou pela falta dela.

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