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Matrículas de estudantes autistas na educação básica cresce 61% na região

Rodrigo e Jussiana com os filhos Renato e Julia, que são autistas de grau leve. Foto: Arquivo/O RegionalO acesso à educação é considerado um dos pilares para a formação e desenvolvimento de crianças e adolescentes. Para portadores do Transtorno de Espectro Autista (TEA), esta é uma realidade que vem avançando, refletindo no número de alunos diagnosticados com autismo matriculados em classes comuns. Na última terça-feira, inclusive, foi celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

Segundo levantamento feito pela reportagem junto à Sinopse Estatística da Educação Básica, entre 2017 e 2018 houve uma alta de 61% no número de alunos com autismo e que estão matriculados em classes comuns em escolas do suleste paranaense. Em 2017, eram 79 estudantes autistas e, no ano passado, o índice passou para 127.

Por lei, nenhuma pessoas pode ser recusada por instituições de ensino por conta de uma deficiência. A Lei Berenice Piana, como é conhecida, assegura como direito da pessoa com autismo o acesso à educação e ao ensino profissionalizante. “Não só podem como têm o direito garantido por lei. Os autistas passaram a ser considerados oficialmente pessoas com deficiência, tendo direito a todas as políticas de inclusão do país, dentre elas, as de Educação”, explica a secretária municipal de Educação Esporte e Cultura de Mandirituba, Maraci Nickel.

Segundo Maraci, os profissionais do município têm frequentemente buscado ampliar o conhecimento sobre o assunto, visando a qualificação do atendimento nas unidades de ensino. “Acredito que os maiores avanços que podem acontecer no que se refere a esse quesito são o fomento às pesquisas, o desenvolvimento de métodos e estratégias específicas, o incentivo e valorização à formação e capacitação dos profissionais da educação e o empoderamento da Educação Especial na perspectiva de inclusão”, detalha a secretária, apontando como é desenvolvido o trabalho de acolhimento de alunos com autismo. “Em nosso município, frequentam o ensino regular e também a sala de recurso multifuncional, são acompanhados pela equipe da Educação Especial (psicopedagoga e psicóloga) e pela pedagoga da unidade em que se encontram matriculados. Esses profissionais, juntamente com os professores regentes, não medem esforços para proporcionar um ambiente pedagógico que propicie o desenvolvimento integral de nossas crianças. Existem desafios e dificuldades, mas em contra partida também existe muita dedicação e amor.”, finaliza.

Jussiana e Rodrigo Hartkopf são pais de quatro filhos e, recentemente, receberam o diagnóstico de que os pequenos Julia e Renato, de sete e seis anos, são autistas de grau leve. “Com o diagnóstico, eles têm acompanhamento com psicólogo semanalmente e o tratamento tem ajudado na evolução deles”, conta o casal, detalhando a questão da aprendizagem das crianças. “Os dois frequentam classes comuns e são muito inteligentes, tanto para falar como para fazer as atividades propostas. No caso do Renato, é necessário acompanhamento de uma professora auxiliar e fonoaudiólogo. A assistência neuropediatra também é importante para auxiliar em muitas coisas que devem ser feitas para melhorar o quadro deles”, explicam.

Segundo os pais, a desinformação e o preconceito acabam sendo obstáculos na inclusão de crianças autistas. “Uma criança autista tem uma série de direitos e, que muitas vezes, não são respeitados. Ainda têm pessoas que olham diferente e muitas que não entendem do que se trata o autismo. É um assunto que vem ganhando destaque e a informação é essencial para ampliar o debate”, finalizam.

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