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Mais de 15% das mães em 2018 nas cidades da região eram adolescentes

Pediatra Edna Duarte alerta sobre importantes pontos de uma gravidez na adolescência. Foto: Arquivo/O RegionalFalta de estrutura familiar adequada, o despreparo do corpo e a mudança radical do estilo de vida. Estes são alguns dos pontos que fazem da gravidez na adolescência um motivo de grande preocupação em todo o país. Na região, este cenário também não é muito diferente e ainda uma parcela significativa das mães tem seus filhos de forma precoce.

Segundo números da 2ª Regional de Saúde, em 2014 os dez municípios da região registraram 4.275 nascimentos, sendo que destes 883 foram de crianças em que as mães tinham idade entre 10 e 19 anos, representando 20,65% dos casos. Já em 2018, o número de nascimentos caiu para 3.993, contabilizando 600 mães na faixa etária da adolescência, o que correspondeu a 15,02%.

Segundo a pediatra Edna Duarte, que atende em Tijucas do Sul, o principal ponto de uma gravidez na adolescência está na imaturidade emocional da gestante. “Muitas abandonam os estudos, enfrentam problemas psicológicos, desenvolvem doenças como hipertensão e têm toda uma vida modificada”, detalha a médica, enumerando outras dificuldades enfrentadas. “Na grande maioria dos casos é necessário a realização cesáreas e, posteriormente é uma criança cuidando da outra, tendo dificuldades até mesmo para amamentar. Somado a isso, raramente se tem uma estrutura mínima para suprir as necessidades de um bebê, que cresce muitas vezes sendo educado pelos avós, sem mesmo a figura do pai presente”, lamenta.

Outro ponto destacado pela profissional, é que as gestantes adolescentes tendem a esconder a gravidez e não realizam o pré-natal corretamente. “Através deste acompanhamento médico, é feita a suplementação de nutrientes, processo muito comum em gestantes de alto risco. Aliado a este fator, são diagnosticadas também diversas doenças, entre elas as infecciosas, que podem causar diversos danos à saúde da mãe e, principalmente, ao bebê, que poderá desencadear problemas neurológicos, cardiovasculares, entre outros”, alerta a médica.

De acordo com a secretária de Saúde de Agudos do Sul, Katya Carvalho, o poder público tem trabalhado no fortalecimento da prevenção destes casos. “Temos abordado este tema com os estudantes, alertando sobre os riscos tanto de uma gravidez indesejada, quanto de doenças transmissíveis”, pontua. Paralelamente, está sendo ampliado o acesso a métodos de prevenção. “É importante que os pais também tenham diálogo sobre este tema em casa, orientando sobre a complexidade deste tema. É recomendado que as mães, após o início do ciclo menstrual das filhas, procurem o acompanhamento médico para que elas entendam melhor as mudanças que o corpo irá passar”, orienta.

Para Katya, o maior índice de gestantes na adolescência está na casa dos 14 anos, sendo considerada uma gravidez de risco. “Casos desta natureza exigem o acompanhamento de uma ampla equipe de saúde, contando com médicos, psicólogos, fisioterapeutas, entre outros profissionais. Muitas vezes, a gravidez vem acompanhada de um grande abalo emocional, inclusive com o afastamento do pai da criança, sendo preciso que ofereçamos todo o suporte necessário para que o bebê e a mãe tenham saúde”, concluiu.

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